O bruto simpático
Pepe escolheu a véspera do início da Liga para anunciar o final de carreira. Vai-se um dos jogadores mais importantes do século no futebol português, mesmo que se faça dele um exemplo a não replicar.
Palavras: 3293. Tempo de leitura: 17 minutos (audio no meu Telegram).
Muitos de vós podem achar estranho, mas tudo indica que Pepe é um tipo simpático e afável. Não o conheço a ponto de deliberar de forma definitiva sobre o assunto, mas além de ser isso que ouço de diversas fontes, todas as interações que com ele mantive foram respeitosas e até bem-dispostas. Com uma nuance: nunca tive de o enfrentar dentro de campo, que parece que é aí que ele se transforma. O Pepe de incidentes como aquele pontapé violento em Casquero, em Abril de 2009, é o homem que perde tudo, sobretudo a calma e a clarividência, na defesa cega dos interesses do seu emblema – o que não é bom e tem de ser condenado, mas que se for controlado pode gerar o monstro competitivo que lhe valeu a carreira sempre em alta até ao momento da saída. O Pepe que anunciou o abandono, decretando que o empate a zero com a França, nos quartos-de-final do Europeu, foi mesmo o seu último jogo, é um jogador que o adepto comum odeia quando veste outra camisola, ao qual torce o nariz mesmo quando está entre os dele, mas que na maior parte das vezes agradece ter a seu lado. Na edição desta semana da Entrelinhas vou falar-vos da despedida de Pepe, da Supertaça e do arranque da Liga, cuja primeira jornada já começou ontem e se prolonga até segunda-feira, mas também do mercado que continua a mexer, das competições europeias e dos torneios de futebol dos Jogos Olímpicos.