O ano da Slot-machine
Arne Slot mudou o Feyenoord com uma abordagem integrada à construção do plantel, ao condicionamento físico e à definição tática e estratégica. O campeão anulou os egos, mas teve um líder-estrela.
Há uns anos valentes que os adeptos de futebol de Roterdão não enchiam a Stadhuisplein a entoar o hino “Feyenoord, Feyenoord, wat gaan we doen vandaag?” [“Feyenoord, Feyenoord, o que vamos fazer hoje?”]. Aconteceu a 15 de Maio, depois de um sucesso por 3-0 frente ao Go Ahead Eagles, no De Kuip, do outro lado da ponte, ter garantido, a duas jornadas do fim, a certeza matemática de um título para o qual os alvi-rubros não foram considerados favoritos a não ser depois da vitória de virada em Amesterdão, contra o Ajax, em meados de Março. O Feyenoord, que é tradicionalmente visto como clube perdedor face às conquistas do Ajax ou até do PSV Eindhoven, não tinha o plantel mais forte, não tinha as maiores estrelas, perdera até gente importante, como Aursnes, Sinisterra ou Malacia, mas foi um campeão neerlandês justo e celebrado, porque se houve opinião unânime nos Países Baixos foi a de que o trabalho de Arne Slot transformou a equipa na máquina mais bem oleada do país futebolístico – o que no final da época levou o Tottenham a apresentar-lhe uma proposta formal para ele suceder a Antonio Conte. Os sete pontos de avanço para o segundo na tabela da Eredivisie não deixam mentir e nasceram da aplicação ao quotidiano da continuação da letra da canção de Cock van der Palm: “Wij gaan winnen, alleen met hoeveel is de vrag” [“vamos ganhar, mas falta saber por quantos”].