(Não) Cruzes, credo!
A linha de seis usada pelo Casa Pia em Alvalade para parar o Sporting trouxe para o espaço mediático uma certeza: contra estas equipas a jogar baixo no campo, há que abusar do cruzamento. Errado!
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A noite de sábado encheu-se de certezas – e algumas não superaram a difícil prova dos factos. A primeira foi a de que o que o Casa Pia fez contra o Sporting em Alvalade, a defender muitas vezes o ataque mais realizador do campeonato em 6x4x0, bem em cima da linha da sua área, era uma vergonha e o anti-espetáculo por natureza. E, no final, fazem-se as contas e verifica-se que nas oito jornadas que leva o campeonato, só o Nacional teve mais vezes a bola na área dos leões do que o fez aquele Casa Pia hiper-defensivo. A segunda foi testada – e chumbada – logo no dia seguinte e era a de que para superar aquele bloco muito baixo do Casa Pia o Sporting teria de ter cruzado mais. E eu contraponho que não, que, pelo contrário, devia ter cruzado ainda menos. Isso viu-se naquele jogo, mas também no de domingo, quando o SC Braga apresentou uma linha de quatro defesas à qual por vezes se juntava um extremo e que noutras ocasiões acolhia mesmo os dois, ainda que mais à frente no campo, mas foi na mesma derrotado por um FC Porto que, apesar do crescimento de Samu, teve a mais baixa taxa de sucesso de cruzamentos nas oito partidas que fez na Liga: 14 por cento. Ainda que os leões sejam a segunda equipa mais eficaz da Liga na resposta a cruzamentos – e dir-vos-ei mais à frente qual é a primeira –, a sua taxa de sucesso nesse tipo de lances é de apenas 30 por cento. Ainda assim acima da média da Liga: nas oito jornadas que leva a prova fizeram-se 2.418 cruzamentos, dos quais 605 chegaram ao destino. É um em cada quatro. O que é como quem diz que três em cada quatro bolas cruzadas são na verdade oferecidas ao adversário. Valerá a pena?