Jogo do dia: Estados Unidos-Costa Rica
Arrumada a questão da jornada de qualificação na Europa, pode acalmar as insónias com o apuramento na CONCACAF e a visita dos “Ticos” a uns Estados Unidos em semi-crise.
Não é um jogo de cartaz, daqueles de parar o trânsito, mas haverá seguramente várias razões para assistir ao Estados Unidos-Costa Rica (0h, de quarta para quinta-feira), que abre a sexta jornada da pitoresca fase de qualificação norte e centro-americana para o Mundial de 2022. Os Estados Unidos, que em Agosto ganharam a Gold Cup e que viveram um verão inesquecível, com duas vitórias sobre o México, entraram em semi-crise com a derrota no Panamá, no domingo à noite. E vão agora receber em Columbus, a casa do selecionador Gregg Berhalter, uma Costa Rica que os bateu na qualificação para o Mundial de 2018 e que há dias conseguiu a primeira vitória nesta fase de apuramento.
Primeira questão a esclarecer: a qualificação norte e centro-americana é coisa de equilíbrio constante, com resultados surpreendentes a tornarem-se frequentes e o fator casa a ser extremamente importante, sobretudo quando toca às equipas do Norte deslocarem-se aos campos difíceis da América Central. Depois de já terem empatado em El Salvador e em casa com o Canadá, os norte-americanos foram no domingo ao Panamá gerir os efeitos de uma importante vitória sobre a Jamaica, mas Berhalter fez várias alterações no onze e acabou por pagar caro, perdendo o jogo por 1-0 e caindo para o segundo lugar, a três pontos do México. Não é grave, que se apuram diretamente três equipas e o quarto classificado ainda terá uma chance de estar no Qatar, via playoff. Mas tudo quanto não seja uma vitória caseira contra a Costa Rica pode agravar a crise na equipa de McKennie, Adams e Dest (Pulisic e Reyna, por exemplo, não estão).
É que o Panamá segue agora a par dos norte-americanos e o Canadá aparece logo a seguir. E a própria Costa Rica, que se valeu de um golo do ex-sportinguista Bryan Ruiz, de um penalti de Borges e de mais uma atuação extraordinária de Navas na baliza para garantir a primeira vitória nesta fase de qualificação, segue a dois pontos. Bastar-lhe-á repetir o resultado obtido nos EUA na qualificação para o Mundial de 2018 (vitória por 2-0) para subir, à condição, à segunda posição. É verdade que, depois disso, os Estados Unidos venceram as duas partidas frente aos “Ticos”: 2-0 num jogo amigável em Fevereiro de 2019, 1-0 noutro, em Fevereiro de 2020, e 4-0 noutro ainda, em Junho passado. É verdade ainda que os Estados Unidos já ganharam neste ano de 2021 a Gold Cup e a Liga das Nações da CONCACAF, batendo sempre na final o México. E que a Costa Rica ficou em quarto lugar na Liga A e não passou dos quartos-de-final da Gold Cup, eliminada pelo Canadá.
Ao todo, os Estados Unidos perderam apenas dois dos 18 jogos que já fizeram em 2021: antes do 0-1 no Panamá tinham sido batidos pela Suíça (2-1) em Maio. Somaram ainda 12 vitórias e quatro empates, dois deles nas finais das duas competições oficiais, contra o México, mais tarde resolvidos com um golo no prolongamento: Pulisic na Liga das Nações, Miles Robinson na Gold Cup. O ano tem sido muito pior para a Costa Rica, que só ganhou quatro dos 15 jogos que fez em 2021: antes de bater El Salvador, tinha ultrapassado Guadalupe, Suriname e a Jamaica na fase de grupos da Giold Cup. Mas também só perdeu quatro vezes, duas com o México, uma com o Canadá e outra com os Estados Unidos. Na Liga das Nações, por exemplo, empatou os dois jogos e saiu derrotada nos penaltis, por México e Honduras, o que mostra que não é uma equipa fácil de bater.
A Costa Rica não é equipa de fazer muitos golos. Marcou dois agora, a El Salvador, depois de sete partidas seguidas em que não passara de um. Em quatro dessas sete partidas, porém, também não sofrera golos. Já os Estados Unidos, cujo sucesso na Gol Cup se fez à custa da segurança defensiva – cinco balizas virgens em seis jogos – sofreu agora golos em quatro das últimas cinco partidas. Só a Jamaica não conseguiu ferir a defesa norte-americana. Curioso é que quando estas duas equipas se encontram, é raro haver golos das duas partes: nos últimos oito jogos entre eles, só uma das equipas marcou, cinco vezes os Estados Unidos e três os costa-riquenhos.
Portanto, se não lhe apetecer ir dormir cedo hoje, perca-se a descobrir as qualidades de Estados Unidos e Costa Rica. Tome atenção ao goleador Pepi, 18 anos apenas e um futuro promissor quando trocar o FC Dallas por uma equipa europeia, mas não deixe de prestar atenção aos ex-leões Bryan Ruiz e Joel Campbell, duas das figuras da veterana equipa costa-riquenha.