Jogo do dia: Brasil-Uruguai
A enésima reedição do "Maracanazo" coloca frente a frente um Brasil seguro e em busca de recordes e um Uruguai aflito para se manter no comboio do Mundial.
Os sul-americanos serão os últimos a terminar esta janela de competição de seleções, com vista ao Mundial de 2022, e fazem-no com um jogo histórico, um Brasil-Uruguai que é a reedição do famoso “Maracanazo” de 1950, ainda que em Manaus (1h30, de quinta para sexta-feira, Sport TV1). O empate na Colômbia, no domingo, em partida em atraso da quinta jornada, significa que os brasileiros já não podem cumprir o sonho de completar a fase de qualificação com o pleno de vitórias, mas manteve-os em curso para outra proeza: serem a primeira equipa a acabar esta fase sem perder desde que foi instituído o grupo único com todas as seleções, no Mundial de 1998.
O Brasil comanda, com nove vitórias e um empate – e um jogo que não se realizou, contra a Argentina – e seis pontos de avanço dos argentinos, que empataram quatro vezes e ganharam seis. Ambos parecem bem encaminhados para a qualificação, mesmo tendo em conta que têm um jogo a menos. O terceiro é o Equador e o quarto, que também se apura diretamente, é o Uruguai, ambos a 12 pontos dos brasileiros, quando faltam jogar sete jornadas. Já se vê, por isso, que para a Celeste, a importância deste jogo é a de manter a posição de apuramento direto e fugir ao playoff inter-confederações a que estará sujeito o quinto colocado – neste momento a posição é ocupada pela Colômbia, que está a apenas um ponto de distância dos uruguaios e que, três horas e meia antes, recebe o Equador em Barranquilla. Muitas contas se farão ainda até final, portanto.
O “Maracanazo” já fez 71 anos, mas ainda dói horrores aos brasileiros, que no jogo decisivo do Mundial de 1950, em pleno Maracanã, desbarataram o favoritismo que lhes era atribuído por uma competição esfusiante e foram batidos pelo Uruguai (2-1). Ultimamente, contudo, o derby do Rio Negro tem sido quase sempre favorável ao Brasil, que não perdeu nenhuma das derradeiras 11 partidas contra o Uruguai, obtendo seis vitórias e cinco empates (dois deles com vitórias nos penaltis) desde uma derrota por 1-0 que já tem mais de 20 anos e foi sofrida em Montevideu, a 1 de Julho de 2001, na qualificação para o Mundial de 2002, que o Brasil acabaria por ganhar. Em solo brasileiro, o Uruguai já não ganha desde Novembro de 1992, quando se impôs por 2-1 num amigável em Campina Grande. Curiosamente, o Brasil também ganhou o Mundial que se seguiu a esse desaire.
A forma recente favorece o Brasil, que neste ano de 2021 obteve 10 vitórias, dois empates e apenas uma derrota (0-1), na final da Copa América, contra a Argentina, no Maracanã. Esse foi um dos dois jogos em que o ataque brasileiro foi mantido a zeros este ano: o outro foi o recente 0-0 com a Colômbia. Se contarmos a final continental como um jogo em campo neutro, o Brasil leva 13 partidas seguidas em território nacional a marcar sempre pelo menos um golo, desde um empate a zero contra a Venezuela, em Salvador, em Junho de 2019, Em todos esses jogos, sofreu apenas três golos e nunca mais de um por partida. Ora isso contrasta com a pobre forma recente dos uruguaios fora de casa: ganharam apenas um dos últimos cinco jogos como visitantes, um 3-0 à Colômbia em Novembro do ano passado, marcado pelos últimos golos nas eliminatórias do Mundial de Suárez e Cavani, as duas maiores estrelas do ataque celeste. Desde então, os uruguaios perderam feio na Argentina (0-3) e no Equador (2-4).
Em campo poderemos ter os benfiquistas Lucas Veríssimo (Brasil) e Darwin Nuñez (Uruguai), bem como o sportinguista Coates (Uruguai), além de esta poder ser a oportunidade de rever uma série de jogadores que já passaram por Portugal, como Alex Sandro, Militão, Fabinho, Ederson, Raphinha ou Thiago Silva, todos na seleção brasileira.