Greve? Pois sim...
Rodri admitiu esta semana que os jogadores poderão avançar para uma greve se continuar a agravar-se a tendência para lhes atafulhar o calendário competitivo. Mas a questão é bem mais complexa.
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Rodri Hernández, fiável e responsável médio espanhol do Manchester City, admitiu na terça-feira que os jogadores de futebol poderão avançar para uma greve de forma a combater o atafulhamento dos calendários competitivos com que têm vindo a ser confrontados. Se leu a frase e achou que a palavra-chave é “greve”, creio que estará errado. A palavra-chave, ali, é “admitiu”. Os jogadores, aqui, estão no fim da cadeia – e por alguma razão Alisson, o guarda-redes brasileiro do Liverpool FC, acabara as críticas para que se deixou arrastar em relação ao novo formato da Liga dos Campeões, um dia antes, com um sintomático “mas agora temos de nos manter focados no grande desafio que temos amanhã”, que era o jogo com o Milan, em San Siro. Ainda que depois, ao longo da semana, o madridista Carvajal se tenha juntado à festa, os maiores focos de contestação chegam sempre do mesmo sítio – de Inglaterra, que já foi a nação mais ativa no combate à odiosa Superliga que o Real Madrid e o FC Barcelona tentaram lançar aqui há uns anos. É que se a situação é inegavelmente preocupante, o que a concentração numa só ilha de toda a agenda de combate nos revela é que quem a lidera são os agentes privilegiados pela manutenção do status quo – a Premier League. E que por trás de tudo isto não está verdadeiramente a preocupação com a saúde dos futebolistas mas sim a guerra pelo controlo da distribuição do dinheiro que o futebol gera e que ainda esta semana teve novo episódio, nas dificuldades que a FIFA está a ter para vender os direitos do Mundial de clubes pelos valores ansiados. Nesta edição da Entrelinhas, além de vos dar nota do futebol que se jogou nos últimos sete dias – e que, sim, foi bastante... – vou ainda mostrar-vos que, não, os futebolistas de elite não jogam mais hoje do que há 20 anos e contar-vos o que me disse a esse respeito o presidente do Sindicato de Jogadores, Joaquim Evangelista.