Génios e traições
Hoje foi dia de os génios sairem da lâmpada. Neymar, Modric e Messi apareceram, mas não havia lugar para os três nas meias-finais. Caiu o brasileiro como caiu a Holanda, ambos vítimas de traição.
O dia anunciava-se rico. Havia Neymar, havia Modric, havia Messi. Todos cumpriram, mas não havia lugar para os três nas meias-finais do Mundial. Caiu o brasileiro, mesmo confirmando, num golo que foi um manual daquilo que deve ser o futebol – passe e receção, tabela, drible e remate, está lá tudo... – que se posiciona a um nível superior. O mesmo nível superior a que se colocou Modric, pela gestão dos ritmos e pela capacidade de encontrar os espaços certos para mandar a Croácia atacar, como no lance em que bateu a pressão de Casemiro e criou condições para que Orsic tivesse depois livre todo o corredor esquerdo e cruzasse para o golo do empate, de Petkovic, em cima do fim do prolongamento. O mesmo nível superior a que se viu Messi, por exemplo no inventar da trajetória do passe que deu a Molina o golo de abertura no confronto com a Holanda – ou em outros dois passes a descobrir as costas da defesa holandesa, nos raros momentos em que lhe deixaram bola descoberta, mas que não tiveram a sequência mais feliz para os argentinos. Caiu Neymar, não porque Tite o tenha deixado para último nos penaltis, o que o impediu sequer de chutar na sua vez, porque aí já o Brasil estava fora. Caiu Neymar, porque o Brasil traiu a ideia ofensiva que trouxe a este Mundial através da incerteza na finalização e da rigidez de processos. Caiu Neymar porque o Brasil só mostrou uma forma de fazer as coisas: se precisa de marcar, troca os três da frente; se precisa de segurar, chama um segundo volante. E isso torna a equipa previsível. Caiu Neymar porque o Brasil nunca teve fluidez ofensiva pelos laterais, por exemplo: o país de Carlos Alberto, Nelinho, Júnior, Josimar, Branco ou Roberto Carlos vai embora com Militão e Danilo nas laterais. Caiu Neymar porque, apesar de tudo, as soluções do banco não eram tão boas como os titulares: Pedro não é deste nível, Antony tem dias, Rodrygo não é Vini Jr. Caiu Neymar, mas este Mundial mostrou que ele está no ponto. Pena é que até ao próximo ainda faltem três anos e meio.
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