Galatasaray nas confusões
No ano do terremoto, a Liga turca foi marcada pelas enormes confusões em torno das arbitragens. Todos se acharam com razão de queixa, mas a verdade é que ganhou mesmo a melhor equipa.
Um desastre natural e muitas confusões com evidente mão humana depois, o Galatasaray voltou a ser o campeão turco, protagonizando a mais notável ascensão de uma equipa num campeonato europeu em 2022/23: o Cimbom tinha sido 13º classificado na época anterior, a uns longínquos 31 pontos do Trabzonspor, mas inspirou-se na contratação do técnico Okan Buruk, que já vencera o campeonato de 2020, no Basaksehir, para acabar esta temporada tão atribulada à frente da concorrência, com mais oito pontos que o Fenerbahçe e mais dez que o Besiktas. O campeonato do regresso dos três grandes ao pódio – foi apenas a quarta vez que tal sucedeu na última década – foi extraordinariamente atribulado e não foi só por causa do devastador terremoto que assolou a Turquia a partir da região de Gaziantep, perto da fronteira com a Síria, e causou mais de 50 mil mortos, em Fevereiro. Se o desastre natural deixou vastas zonas do país parecidas com um cenário de guerra e levou ao afastamento de duas equipas da competição e isso já seria suficiente para marcar esta edição da Liga, as constantes queixas dos responsáveis de Galatasaray, Fenerbahçe e Besiktas, acusando os rivais de controlarem a arbitragem, tornaram o ambiente irrespirável. No olho do furacão esteve Jorge Jesus, o treinador português do Fenerbahçe, que em Março disse que “na Turquia os jogos não se ganham no campo”. Mais à frente, Jesus veio a esclarecer que se referia às vitórias que foram atribuídas na secretaria às equipas que, de Fevereiro para a frente, teriam de jogar com o Gaziantep e o Hatayaspor, mas o facto de não ter sequer marcado presença na conferência de imprensa que se seguiu ao dérbi no qual o Galatasaray já entrou como campeão não ajudou a que fosse essa a sensação que ficou.