Fome e confiança
O regresso do PSV ao topo do futebol neerlandês, conseguido por um treinador sexagenário que nunca tinha ganho nada, fez-se da associação da fome de minutos e à confiança no sucesso.

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Em Janeiro, quando o PSV Eindhoven cedeu os primeiros pontos na Eredivisie, um empate na deslocação a Utrecht, já poucos teriam dúvidas de que estavam a olhar para o futuro campeão dos Países Baixos. A equipa de Peter Bosz reagira da melhor maneira à deserção do treinador que lhe tinha garantido a Taça da Holanda, Ruud van Nistelrooij, e entrara na nova temporada com a suavidade de um elefante numa loja de porcelana, fechando a primeira volta com 17 vitórias em outros tantos jogos, 59 golos marcados e sete sofridos. Ganhara ao Feyenoord no De Kuip, por 2-1, saíra de Alkmaar com um 4-0 ao AZ e, em Outubro, quando ganhara em casa ao Ajax, por 5-2, tivera até a satisfação suprema de condenar o maior rival nacional a passar uma semana na última posição da tabela (ainda que, é certo, com dois jogos em atraso). As perdas de Branthwaite, Xavi Simons e Gutiérrez, a somar às que já vinham de trás, de Gakpo e Madueke, em Janeiro, e à de Sangaré, no último dia de mercado, deitavam ao lixo qualquer dose de otimismo que a vitória na Supertaça pudesse implicar, mas o PSV soube unir os cacos, conjugando bem dois fatores imprescindíveis a uma equipa vencedora – a fome de jogo e a confiança. A segunda metade da época não trouxe os recordes que se admitiram possíveis nem a proeza europeia que chegou a ser sugerida, mas redundou na conquista do primeiro título de campeão nacional desde 2018 e no regresso do PSV Eindhoven ao topo da hierarquia do futebol nos Países Baixos.