Foi muito, mas não chegou
A uma grande primeira parte do Sporting seguiu-se a boa reação do Benfica. O dérbi foi intenso, mas ninguém tirou dele o que queria. Os leões perderam a Champions, as águias não festejaram ainda.
Sporting e Benfica empataram a duas bolas um dérbi de alta voltagem, com superioridade dos leões durante a primeira parte e uma boa reação das águias na segunda. Se de início valeram o superior plano delineado por Rúben Amorim e alguma inadequação da equipa de Roger Schmidt à habitual saída baixa do Sporting, redundando num 2-0 ao intervalo que era justo, na segunda parte impuseram-se as correções de zonas de pressão feitas pelos encarnados e a clara incapacidade dos donos da casa para manterem a intensidade e a identidade. O nulo, obtido com um golo de João Neves já em período de compensação, deixou tudo adiado para o último dia nas contas do título, entre Benfica e FC Porto, mas carimbou já o visto do Sporting para a Liga Europa, porque tornou matematicamente impossível que os leões alcancem o SC Braga no terceiro lugar. O Benfica, que no início de Abril tinha dez pontos de avanço sobre o FC Porto, já só tem agora dois e, para recuperar um título que lhe foge desde 2019, precisa de vencer em casa o Santa Clara no sábado. Ou de empatar, desde que os dragões não ganhem por onze golos de diferença ao Vitória SC. “Teremos de lutar até ao fim para ser campeões. Não há que ter medo”, afirmou no fim Roger Schmidt.
O treinador alemão podia ter saído como réu de Alvalade, porque claramente entrou com um plano de jogo que não servia para o habitual futebol do Sporting. O Benfica tentou responder com a sua pressão alta habitual à saída baixa dos leões, mas fazia-a de forma zonal, deixando que Coates e Ugarte se libertassem com frequência atrás da sua primeira linha. Isto levava por vezes à resposta de emergência do meio-campo – que quando era batido nesta missão de 112 deixava os leões em condições de meterem ataques rápidos em superioridade numérica. Os primeiros 45 minutos foram, por isso, inteiramente dos leões, que se adiantaram com golos de Trincão e Diomande e perderam mais duas boas situações de marcar. Ao intervalo, porém, Schmidt mudou. Fez entrar Bah para o lugar de João Mário, subiu Aursnes no campo e com isso ganhou capacidade de pressão – manobra que a equipa passou a fazer de forma menos precipitada. Somada a uma menor disponibilidade (física?) de Ugarte e Coates para darem as necessárias linhas de passe aos homens de trás, esta alteração fez com que o jogo continuasse a correr para a baliza norte de Alvalade, com a diferença de que agora ela era defendida por Israel. Do banco, Amorim tentou mudar, mas a equipa não respondia. O norueguês descontou para 2-1 e João Neves marcou nos descontos o golo de um empate que acabou por saber a pouco às duas equipas. Ao Sporting porque teve ocasiões para ter posto ponto final na partida, ao Benfica porque como estavam as coisas sentia que mais uns minutos e talvez pudesse ainda ganhar e carimbar desde já a conquista do título.