Fé no final ao sprint
A Liga parou antes das oito últimas voltas. Vai ser um final ao sprint entre os primeiros, que se defrontam na penúltima jornada e têm um último dia difícil. Quem está melhor para o photo-finish?

Palavras: 1277. Tempo de leitura: 7 minutos (áudio no meu Telegram).
O Sporting cumpriu aquilo que Frederico Varandas lhe pedia em entrevista dada há quase um mês e chegou “vivo” à pausa para as seleções – continua no topo da classificação, ainda que possa ser alcançado pelo Benfica quando os encarnados jogarem a partida que têm em atraso em Barcelos. E agora? Quem prevalecerá nas oito jornadas que faltam até ao fim desta Liga? Quem está melhor? Até que ponto a pausa vai ajudar ou atrapalhar os candidatos ao título? Quem tem um calendário mais acessível? E que papel podem jogar o FC Porto e o SC Braga nesta luta? Uma luta que, a julgar pelos jogos previstos para as últimas duas jornadas – um Benfica-Sporting seguido de um SC Braga-Benfica e de um Sporting-Vitória SC – tem tudo para durar mesmo até ao fim e apimentar o fim-de-semana de 17 e 18 de Maio, já intenso à conta das eleições legislativas marcadas para esse domingo.
Não creio que FC Porto e SC Braga possam ser campeões em 2025. Ambos parecem ter voltado a encontrar o caminho, os dragões entendendo que só podem ser criativos se tiverem os seus jogadores de maior qualidade atacante em campo, como fizeram no sábado contra o AVS, os minhotos descobrindo o pragmatismo que lhes tem permitido fechar as redes – cinco zeros na baliza de Hornicek nas seis últimas jornadas. Só que isso não chega: para ganharem a Liga, além de fazerem o pleno de pontos, precisariam que tanto Sporting como Benfica perdessem ainda dez pontos até final da época. Cada um... E uma coisa – admissível – é um dos primeiros entrar em colapso, mas outra – bem diferente – é isso acontecer a ambos. Ainda assim, como o segundo lugar pode ser um objetivo e o terceiro também tem tudo para ser importante, pois a não ser que o Rio Ave ou o Tirsense ganhem a Taça de Portugal é o único que dá acesso direto à Liga Europa sem eliminatórias preliminares logo a partir do fim de Julho, FC Porto e SC Braga não podem desmobilizar no final de época. E isso terá efeito já na primeira jornada de Abril, quando os dragões receberem o Benfica no Porto e os minhotos visitarem o Sporting em Alvalade.
Essa jornada, em antecipação à qual teremos ainda um Estrela da Amadora-Sporting e dois jogos do Benfica, um no terreno do Gil Vicente e outro em receção ao Farense, será uma boa maneira de avaliar o que aí vem. Primeiro, em termos de calendário. É que, olhando para o que falta jogar, parece muito mais complicada a tarefa do Benfica, que ainda tem de jogar fora com FC Porto, Vitória SC e SC Braga. Além de Estoril e Gil Vicente. Ao Sporting não restam já tantas saídas complicadas, mas ainda lhe falta o Santa Clara nos Açores... e a Luz, pois então, além da Amadora e do Bessa. Em contrapartida, os leões têm entre eles e a perspetiva de um bicampeonato jogos complicados em casa, o que os impedirá de meter semanas de repouso mais ou menos ativo – por Alvalade ainda passarão o SC Braga e o Vitória SC, por exemplo. E isto remete-nos para o que valem as equipas neste momento. As últimas semanas mostraram um Benfica mais forte em termos coletivos e um Sporting imparável quando leva o jogo para a dimensão individual. Ambos têm sido algo propensos a erros que por vezes devolvem os adversários aos jogos – o penalti de Diomande contra o FC Famalicão, a perda de bola de Florentino em saída a jogar contra o Rio Ave –, mas depois têm somado pontos de maneiras diferentes.
O Benfica tem sido uma máquina de criar no plano ofensivo, mas falha muito quando se trata de fazer golos. Nas últimas três jornadas, a equipa de Bruno Lage ganhou sempre com “chapa três” – 3-0 ao Boavista, 3-0 ao Nacional e 3-2 ao Rio Ave – mas para isso teve de criar um total de Golos Esperados (xG) de 14.46. Isto é, ficou a dever a si própria e à finalização das jogadas quase seis golos, dois por partida. É demais... Não se trata de fazer golo em todos os remates – e nem assim os jogos “acabavam 20 a zero”, como ironizou Carreras – mas sim de impedir que o desacerto na conclusão das jogadas venha um dia a custar pontos à equipa. O Sporting, por exemplo, que também se impôs com “chapa três” nas últimas três jornadas – sempre 3-1, ao Estoril, ao Casa Pia e ao FC Famalicão, equipas melhores, é certo... – marcou os mesmos nove golos com um xG total de 8.79. Um valor em linha com aquilo que criou, portanto. E que é sintomático de outra coisa: tem melhores jogadores no momento de decidir as jogadas. Se o Benfica parece vir de uma fase de maior fulgor coletivo, o Sporting reencontrou o melhor Gyökeres, o homem mais decisivo desta Liga. E Rui Borges sabe que com o melhor Gyökeres em campo pode ganhar qualquer jogo, o que por outro lado explica a forma mais cautelosa como dispõe a equipa em campo, envolvendo menos e colocando mais a tónica na capacidade defensiva: na mesma tripla jornada, o Sporting só permitiu aos adversários um xG total de 1.98 (e 0.78 são de um penalti escusado, o que transporta o total médio sem esse lance para uns míseros 0.40 por jogo). O Benfica, por sua vez, viu os adversários criarem um xG de 3.91 (também com 0.78 de um penalti, o que deixa as águias com um total médio sem esse lance nos 1.04, acima de um golo esperado por jogo).
Aqui chegados, a questão fundamental é que isto nos diz como as equipas estão, mas não como elas vão regressar desta semana e meia de ausência das suas maiores figuras. Rui Borges vai passar os próximos dez ou onze dias com apenas três dos 16 jogadores mais utilizados pelo Sporting esta época: Quaresma, Fresneda e Matheus Reis. Bruno Lage, nesse aspeto, tem mais sorte: além de Aursnes e Di María, que já renunciaram às seleções, terá com ele Carreras, Tomás Araújo, Florentino, Arthur Cabral e o lesionado Bah. E isto é uma vantagem não apenas na perspetiva de poder vir a recuperar jogadores como Di María – como no Sporting se ganha tempo para o regresso de Pedro Gonçalves, por exemplo – ou de trabalhar atempadamente processos coletivos, o que é difícil com tão pouca gente, mas sobretudo porque, ficando, eles terão menor propensão para acumular fadiga ou para se lesionarem. Viagens como as que serão feitas pelo benfiquista Otamendi e pelos sportinguistas Diomande, Maxi Araújo, Geny Catamo, Israel e Morita são sempre um fator de risco, sabendo-se que voltarão da aventura intercontinental muito em cima da jornada que se segue. E mesmo aqueles que ficam a jogar na Europa verão afetado o seu ciclo habitual de trabalho. Com jogos de três em três dias nas seleções, há gente que vai jogar muito – e isso pode levar à necessidade de gestão após o seu regresso. Como há gente que vai passar duas semanas inteiras a treinar sem jogar – e isso poderá conduzir a uma preocupante quebra de ritmo e intensidade.
Quando se metem estas coisas das seleções antes da reta final de uma Liga que tem tudo para ser decidida no photo-finish pouco há a fazer além de ter fé. Porque na ciência não há resposta para este problema.
O Benfica tem mais hipóteses de ganhar o título.
Primeiro, porque ao contrário do que se diz, o calendário é melhor para o SLB; excepto Guimarães, o SLB tem o FC Porto que não tem equipa para enfrentar os outros dois grandes (o Sporting foi anjinho no Dragão), e o jogo em Braga é na última jornada...alguém pensa que se o Benfica precisar de ganhar em Braga, não ganha??? Só em 1955 um possível campeão não ganhou na última jornada, e isso porque nas Salésias já deitavam foguetes a 15 minutos do fim e Martins não gostou......
Segunda razão para o SLB ser campeão é a teimosia do Dr Varandas. Porque não foi buscar em Janeiro um médio e um lateral???? Para ter contas equilibradas? A Champions ajudaria nisso, mas Rui Borges não convence Varandas como Amorim teria feito...e assim temos uma linha média que não é de campeão (vão ser semanas antes de Pote estar em forma) !!! O Benfica tem mais opções graças à miopia da Direcção do Sporting.