F80 (83): Alhinho
Um dos primeiros a brilhar nos três grandes, foi mais que um defesa-central. Com uma consciência de cidadania acima da média, tornou-se polo aglutinador dos que lutavam pelos direitos dos africanos.
Carlos Alhinho, o sexto de quinze irmãos nascidos da união de Alexandre com Zeferina, foi mais do que o melhor futebolista de uma família que deu outros dois jogadores à I Divisão portuguesa ou que o melhor futebolista cabo-verdiano do Século XX, conforme distinção que recebeu. Veio de Cabo Verde para Portugal com a ideia no estudo, que quis sempre aperfeiçoar-se, mas foi o futebol que o deu a conhecer, porque representou os três grandes – e foi campeão em dois deles –, chegou a internacional e quando se fez treinador tornou-se uma espécie de polo aglutinador de compatriotas. É que Carlos Alhinho, tragicamente desaparecido num acidente difícil de explicar, num elevador, em Angola, com 59 anos, teve sempre uma consciência de cidadania muito acima da média, o que contribuiu para que viesse a tornar-se uma espécie de defensor oficioso dos direitos dos africanos no Portugal saído da revolução.