F80 (80): Peres
Um dos melhores da sua geração, pensava pela própria cabeça e escalava o confronto. Isso levou-o a interromper a carreira antes dos 30 anos até ao fim da Lei de Opção, em 1974.
Peres foi um extraordinário futebolista, um médio e extremo esquerdo de finíssimo recorte técnico, campeão português e brasileiro e figura da seleção nacional, mas não pode ser visto apenas como tal. Porque Peres teve pelo seu lado uma virtude que naquele tempo era vista como um defeito: pensava pela própria cabeça. E às vezes escalava conflitos, só para vincar um ponto de vista. Só assim se percebe que se tenha envolvido em tantas guerras. Ou que tenha suspenso a carreira aos 29 anos, quando era uma figura do Sporting e da seleção nacional. Aquele que provavelmente foi o maior adversário da abominável “Lei da Opção” teve sempre as coisas muito claras: podiam acusá-lo de ser mercenário, chamar-lhe “chupa-sangue”, mas ele via o futebol como profissão. E jogava pelo salário.