F80 (404): Oliveira
António Oliveira era, entre o meio-campo e o ataque, o misto de um maestro com o génio da lâmpada que o futebol nacional não voltou a ter depois dele. Fintava, marcava, assistia e de tudo inventava.
No relvado, pintava telas plenas de imprevisibilidade e perfeição. António Oliveira fazia tudo bem com uma bola, ainda que parecesse sempre que lhe saía melhor o que não tinha pensado antes. O homem que, reza a lenda, também atribuída a Seninho, chutou quando Pedroto lhe gritava insistentemente do banco “Cruza!”, levando depois o mestre a meter a viola no saco e a proferir o famoso “também está bem”, quando viu a bola sair-lhe do pé direito e anichar-se na rede, era um génio do improviso, um rebelde muito para lá do recomendável, nem sempre um exemplo de profissionalismo regrado, mas um jogador em quem os treinadores gostavam de se apoiar para sentirem o campo. Foi a extensão extravagante de Pedroto no FC Porto e, mais tarde, o complemento para Jordão e Manuel Fernandes no Sporting de Allison. Três vezes campeão nacional, autor de mais de cem golos na Liga, levará alguns a questionar onde é que ele teria chegado se tivesse sido disciplinado, mas essa é provavelmente uma falsa questão. É que tudo em Oliveira era excesso e nada nele recomendava uma conduta certinha e o futuro controlado que os pais lhe tinham projetado.
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