F80 (398): Carvalho
Na baliza, Carvalho era um gigante. Era alto para a época, no seu metro e oitenta, mas era acima de tudo enérgico e autoritário, saía com tudo à bola e não se coibia de bater até nos companheiros.
Joaquim Carvalho, o guarda-redes da equipa que ganhou o único troféu europeu da história do Sporting, a Taça dos Vencedores das Taças de 1964, foi o terceiro e último da trilogia de grandes guardiões barreirenses a brilhar nas redes de Alvalade, depois de Azevedo e Carlos Gomes. Foi contratado para substituir este último, em 1958, quando ele teve de fugir para Espanha, mas ainda levou um par de anos a ganhar a titularidade, que só cederia uma década depois a Damas, provavelmente o maior guarda-redes da história leonina. Não era dono da técnica e do instinto de Gomes ou Damas, que foram dois predestinados, mas impunha nas redes a sua estampa física e a coragem assumida nos duelos com os avançados, que assim que viam chegar a mancha negra se encolhiam com medo de se magoarem. Foi muito à custa do físico, portanto, que o “Cavalo”, como lhe chamavam os companheiros, ganhou três títulos de campeão nacional e a tal Taça das Taças, em cuja finalíssima teve de dar um par de estalos em Pérides, depois de este ter mostrado receio num lance dividido. “Foi para ele perder o nervoso”, explicou no final. E a verdade é que o moçambicano foi a tempo de ser um dos melhores em campo nessa tarde.
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