F80 (38): Horácio
Olhava-se para a sua estatura mediana e parecia não ter físico de ponta-de-lança. Mas Horácio dava o peito às bolas, nunca desistia de um lance e tinha o faro de golo de um rato de área.
Horácio e o irmão, Chico Faria, nasceram numa das mais brilhantes fornadas de bebés do Leixões, debaixo da supervisão de Óscar Marques. Mas enquanto Chico deu o salto para o Sporting; enquanto Fonseca, Praia e Barros saíram para o Benfica; enquanto Albertino e mais tarde Frasco seguiram o caminho do FC Porto, Horácio foi ficando. António Teixeira, o treinador que mais partido tirou das capacidades goleadoras deste avançado, ainda o quis com ele no FC Porto, mas o Leixões nunca acedeu a transferi-lo. “Então e depois quem é que nos marca os golos?”, terá dito o presidente, quando um dia o confrontaram com essa possibilidade. Horácio jogou, por isso, nove anos no Leixões, até que a liberdade de Abril acabou com a lei de opção e lhe permitiu seguir para o Varzim. Ao todo, passou dos 100 golos na I Divisão, feito raro para quem, nos anos 70, não jogava por um dos grandes.