F80 (330): Torres
Desafiou a classe de Águas e acabou por ser favorecido por ser mais jovem, mas também diferente. A estatura fazia de Torres o complemento ideal de Eusébio. E assim foi no Benfica e na seleção.
Foram 20 anos e meio entre o primeiro jogo, um Benfica-SC Covilhã, a 25 de Outubro de 1959, e o último, um Estoril-UD Leiria, a 18 de Maio de 1980. Além de ter sido um dos maiores avançados da história do campeonato nacional, com mais de 200 golos na sua folha de serviços, e de ter marcado uma era no Benfica e na seleção, José Torres foi ainda o único futebolista nacional capaz de estender a sua ação a quatro décadas, pois abriu a carreira primodivisionária nos anos 50 e levou-a até aos 80. E se no início era sobretudo um jogador fortíssimo no futebol aéreo mas até meio desengonçado, fruto da sua estatura incomum para um Portugal de gente pequenina – media 1,90m –, no final, quando já acumulava as funções de jogador com as de treinador, num Estoril que foi ajudando a manter-se na I Divisão, impunha um tipo de liderança afável e bem disposta e o conhecimento do jogo que foi adquirindo com tantos anos de experiência. À personalidade amigável, aliás, ficou a dever a alcunha que depois transportou para as funções de selecionador nacional, quando levou Portugal ao Mundial do México, em 1986 – o “Bom Gigante”.