F80 (320): Bentes
O “Rato Atómico” era pequeno, um driblador veloz e chutava com uma potência invulgar. Bentes só jogou pela Académica. Não ganhou campeonatos, mas motivou a poesia de Alegre e a prosa de Assis Pacheco.
“Os espanhóis tiveram o Di Stefano. Os portugueses tiveram o Bentes”, escrevia Fernando Assis Pacheco, jornalista, autor e adepto da Académica que nunca escondeu a sua devoção pelo extremo-esquerdo que só representou a Briosa em toda a carreira e que é, ainda hoje, o melhor marcador da história do clube. Bentes era um extremo de baixa estatura (1,67m), ambidestro, mais habilidoso com o pé direito, que usava para driblar, e mais potente com o pé esquerdo, ao qual recorria para rematar. Em 15 anos com a camisola negra da Académica, nos quais marcou 134 golos no campeonato, o máximo que conseguiu foi estar numa final da Taça de Portugal, perdida com clareza para o Benfica, em 1951. Mas nem o facto de ter chegado a jogar pela seleção nacional e de ter, em consequência disso, recebido convites para jogar nos grandes, o levou a mudar de ares e a abdicar do ambiente de Coimbra, que temia não encontrar em mais lugar nenhum. “O meu primeiro clube é a Académica. O segundo são as reservas da Académica. E o terceiro são os juniores da Académica”, disse uma vez este alentejano que nasceu minhoto por acidente.