F80 (171): Jesus Correia
Era um fenómeno no futebol e no hóquei em patins. Quando o forçaram a escolher, fez a opção menos previsível e pendurou as chuteiras aos 28 anos, com sete títulos de campeão nacional pelo Sporting.
Muitas vezes se diz: se tivesse concentrado toda a sua energia no futebol, podia ter sido um fenómeno ainda mais imponente do que foi. Os factos, contudo, desmentem esta teoria. Jesus Correia, um dos “Cinco Violinos”, era um ponta-direita velocíssimo, dotado de um poder de remate extraordinário e de uma clarividência quase presciente quando se tratava de escolher o momento e o destino do passe. Ao mesmo tempo, jogava na que se acredita ter sido a melhor seleção nacional de hóquei em patins de todos os tempos, sendo seis vezes campeão da Europa e do Mundo. Mas, enquanto teve forças e o deixaram acumular os relvados com os ringues, Jesus Correia nunca penalizou o futebol. Pelo contrário: trazia para os campos movimentos aprendidos no hóquei, como se jogasse de stick e em vez das botas deslizasse sobre rolamentos. Ou como se tivesse asas, como um dia sugeriu a imprensa irlandesa, a pontuar a sua importância na primeira vitória que a seleção nacional de futebol obteve fora do país.