Eminências pardas (2): Giuseppe Marotta
Campeão na Juventus, que levantou depois do escândalo Calciopoli, repetiu a proeza no Inter, onde lhe falta continuar a ganhar depois de cortar o cordão umbilical com o treinador.
Há diretores de mercado que escolhem estabelecer ligações privilegiadas com empresários. Não costuma ser boa ideia, sobretudo para os resultados das suas equipas, que sacam bons jogadores mas também têm de enfiar uns barretes de vez em quando. Há outros que se viram para baixo e suportam a progressão em cima de treinadores de confiança. Giuseppe Marotta, sete vezes seguidas campeão de Itália como CEO da Juventus, onde entrou na sequência do escândalo Calciopoli, parecia estar neste grupo. Já repetira apostas em Walter Novellino ou Luigi del Neri quando, no Inter Milão, contratou Antonio Conte. E com o treinador de Lecce voltou a ser campeão. Só que Marotta também não hesitou em cortar o cordão assim que, da China, vieram indicações no sentido de se apertar o cinto. A Suning fechou a torneira, Conte não quis permanecer para gerir o que sobrava no período das vacas magras e para Marotta sobrou a reconstrução. Fê-la com Simone Inzaghi – e não é que o Inter está em excelente posição para assegurar o bicampeonato?
Desde que chegou à Série A italiana, em 1998, ao fim de mais de 20 anos de carreira como diretor desportivo, Beppe Marotta trabalhou em quatro clubes e em três deles recorreu logo que pôde fazê-lo a um treinador que já lhe tinha dado alegrias noutros locais para compor um plantel de sucesso. É mais do que reconhecimento: trata-se de um padrão, o padrão que o levou a apostar as fichas todas em Antonio Conte assim que Luciano Spaletti se mostrou incapaz de levar o Inter ao scudetto que o clube não conhecia desde o reinado de um certo José Mourinho, em 2010. Ao tirar Conte, que lhe dera o primeiro título de campeão quando o foi contratar para treinar a Juventus, de um ano sabático, Marotta estava a repetir o que já fizera em Turim e em Génova. À chegada à Juventus, em 2010, levara com ele Del Neri – esse mesmo, o que passou brevemente pelo FC Porto –, que conduzira a sua Sampdoria a uma vaga na Liga dos Campeões. E quando pegara na equipa genovesa recorrera a Novellino, o técnico com quem festejara a primeira subida ao escalão principal, no Veneza FC.
Continue a ler com uma experiência gratuita de 7 dias
Subscreva a António Tadeia para continuar a ler este post e obtenha 7 dias de acesso gratuito ao arquivo completo de posts.