Eminências Pardas (12): Mateu Alemany
Ganhou fama de duro e austero em Maiorca, esteve ao lado de Mendes no Valência CF de Lim e acaba de protagonizar um braço de ferro no FC Barcelona. Só ainda não se sabe com quem ou se o ganhou.
Duas semanas depois de ter anunciado que ia deixar o cargo de diretor de futebol, Mateu Alemany revelou na quarta-feira que afinal fica no FC Barcelona. Pelo meio, sucederam várias coisas. Foi a Birmingham, onde o Aston Villa se oferecia para lhe quadruplicar o sálario, e por lá reuniu com os donos do clube que tem o igualmente espanhol Unai Emery no papel de treinador. Jordi Cruijff, que era o seu braço direito no Camp Nou, anunciou que abandonava o cargo no final do contrato. E o luso-brasileiro Deco, antigo craque do Barça, foi visto pelos escritórios dos culés, aparentemente para conversações que visam que ele venha a ocupar o cargo que era do filho de Johan Cruijff. No fim, ao que foi revelado até sem a melhoria das suas condições contratuais, tudo se conjugou para a continuação do cérebro do futebol blaugrana, um homem que é próximo de Jorge Mendes, amigo de Joan Laporta desde o tempo em que ambos tinham menos barriga e jogavam padel juntos, e que é apontado em muitos meios como um dos poucos que diz não ao presidente todo-poderoso. Boas notícias para os adeptos, que assim continuam a contar com aquele que um dia Florentino Pérez quis ter com ele no Real Madrid. “Foi o único galáctico que não consegui contratar”, brincava, no auge da sua primeira passagem pela cadeira do poder do Santiago Bernabéu.
Alemany foi providencial na criação de condições para que o FC Barcelona transformasse o plantel nestes dois anos de carestia total que se sucederam à saída de Messi, única forma de permitir que que o clube catalão cumprisse as apertadas regras de fair-play financeiro da Liga espanhola, reduzindo o montante total gasto em salários. É um dos vencedores na conquista do campeonato, que o clube celebrou no passado fim-de-semana, após uma vitória no dérbi com o Espanyol. Quando se fala com insistência no regresso do astro argentino ao Camp Nou, é inevitável que a saída e o posterior regresso ao Barça deste advogado que já foi presidente e dono do RCD Maiorca e depois deixou o cargo de diretor de futebol do Valência CF em rotura com Peter Lim sejam relacionados com esse negócio em particular. O que se contava por Barcelona era que Laporta queria Messi de volta a todo o transe, mas que a fação de Alemany a tal se opunha. “Leo gosta muito de Barcelona e esteve cá por uns dias, como faz com frequência. Mas não tivemos nenhum contacto com ele”, afirmou o diretor no final de Abril, ainda antes de ter pedido a Laporta para o liberar do último ano de contrato, quando se soube que Messi e a companheira tinham sido vistos a jantar num restaurante com as famílias de Busquets, Alba e de Pepe Costa, o braço direito do craque argentino. Mais: que este tinha sido fotografado a chegar ao aeroporto com 15 malas de viagem, a prenunciar mais uma mudança do que uma breve visita.