Dois sketches dos Monty Python
Os golos de Parrott e as dificuldades de Portugal para lidar com os avançados da casa lmbram o sketch do papagaio, dos Monty Python. Mas a noite não acabaria sem a piada mais mortífera do Mundo.
Palavras: 1430. Tempo de leitura: 7 minutos (áudio no Telegram).
Há um famoso sketch dos Monty Python em que John Cleese entra numa loja de animais e pede o livro de reclamações. Michael Palin pergunta porquê e Cleese responde que acabara de comprar ali um papagaio [Parrot, em inglês] que, afinal, vai-se a ver e estava morto. Todo o sketch se desenvolve no absurdo normal do universo do Monty Python Flying Circus, com Cleese a bater com o papagaio embalsamado no balcão, usando diversos eufemismos para a morte, e Palin a abanar a gaiola e a responder-lhe: “Viu? Mexeu-se!” O problema inicial para a seleção de Portugal, ontem, na derrota (2-0) contra a Irlanda, em Dublin, foi que tanto Troy Parrott como os outros dois jogadores que os irlandeses soltavam em momentos de transição ofensiva estavam bem mais vivos do que o Norwegian Blue do sketch dos Monty Python. E mexiam-se, veloz e freneticamente, em diagonais que punham sempre em causa a estratégia delineada por Roberto Martínez para os dominar. Mas nem os problemas da seleção nacional se esgotaram aí – faltou sempre capacidade para furar o denso bloco defensivo irlandês – nem esse parece hoje ser o principal problema da equipa. Uma derrota acontece. Uma noite má pode dar-se. A recusa em ver aquilo que aconteceu, mascarando erros e decisões inexplicáveis atrás de declarações simpáticas, como fez no final Roberto Martínez, aproxima-se muito mais de outro sketch dos Monty Python, o da piada mais mortífera do mundo, à qual não resistia quem quer que a ouvisse.



