Doentes da cura
O Benfica da estreia mantém a ideia de 22/23 e de 23/24. Os jogadores é que são diferentes. E se na época passada a marca era a permeabilidade da pressão alta, em Famalicão viu-se debilidade criativa.
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Os detratores de Roger Schmidt e daquilo a que, no auge da equipa do Benfica que ganhou a Liga de 2023, os adeptos mais entusiásticos chegaram a chamar “Rogerball”, um jogo atlético, pressionante, capaz de abrir brechas constantes nas equipas adversárias, gostam de pegar no que os encarnados fizeram na época passada para gozar o prato. “Então afinal o ‘Rogerball’ é isto?”, perguntam. A questão é que o Benfica seguiu na última Liga exatamente os mesmos princípios da anterior – e essas foram também as ideias que deixou ver na ronda inaugural da atual, a derrota por 2-0 em Famalicão. A ideia não mudou, o que mudou foram os jogadores – o que se por um lado isenta um pouco o treinador da queda, por outro também lhe reduz os méritos no pináculo. Schmidt terá gasto umas horas a avaliar o que correu mal em 2023/24, terá identificado a macieza da sua primeira linha de pressão e do meio-campo quando lhe pedia trabalho defensivo, mas logo a seguir exagerou na dose do profilático e, em Famalicão, se a equipa não morreu da doença, ficou ainda mais doente com a cura: o Benfica da estreia na Liga não só não resolveu os seus problemas defensivos como ao tentar fazê-lo matou todas as possibilidades de criar de que dispunha.