Dezembro, mês de Jesus
Cada vez mais se fala da rotura com o Benfica, mas quem compreende Jesus sabe que ele só agita o espectro das saídas para se fazer querido onde está. E ao Benfica também não interessa mudar já.
Os seis jogos que o Benfica enfrentará nos próximos 23 dias, até ao final deste ano de 2021, serão decisivos para o futuro de Jorge Jesus, mas também da equipa. Em causa estão quatro competições – e, apesar das más sensações que deixou no dérbi de sexta-feira, a equipa tem possibilidades de seguir em frente em todas. Os lenços brancos agitados ao treinador, a somar à aparente vontade do Flamengo em recuperar o homem que lhe deu a Libertadores de há dois anos, criam o contexto ideal para se considerar que este pode ser o fim da linha, mas a encruzilhada não é assim tão simples. É que só um louco mudaria de treinador antes de um ciclo como o que o Benfica se prepara para enfrentar. E, apesar das insinuações constantes, Jesus nunca foi homem de assumir roturas bombásticas.
Se o Benfica chegar a 2022 vivo em três destas quatro provas, Jesus renasce. E, por mais que os “spinners” nos digam, via jornais e programas de TV, que o ambiente está pesado no balneário, que o treinador anda triste ou que não se sente amado, um olhar mais atento para o passado permite perceber que nunca Jorge Jesus cumpriu a ameaça de sair para onde se esperava: essa foi sempre uma forma de ele se fazer querer onde está. A amizade com Pinto da Costa e o interesse do FC Porto foram o pretexto para a sua primeira renovação salarial, com vantagem, no Benfica. Os almoços com Vieira no Ritz serviram para mostrar a Bruno de Carvalho que não tinha de engolir tudo aquilo com que era confrontado no Sporting. Mas a única vez em que Jesus assumiu uma mudança bombástica foi em 2015, quando assinou pelo Sporting. E só o fez porque, antes, lhe tinham mostrado a porta da rua do Benfica, dando-lhe um empurrão para o Qatar.
É por isso – mas também por uma questão de orgulho profissional – que estou convencido de que a vontade de Jesus é ganhar e ficar no Benfica. E nesse aspeto as contas são simples. Amanhã, tem de ganhar ao Dynamo Kiev, o que não parece de todo improvável, tendo em conta que os ucranianos já não lutam por coisa nenhuma e até aqui só fizeram um ponto em cinco jogos desta fase de grupos, precisamente no primeiro desafio, em casa com o Benfica. Depois, se o FC Barcelona ganha ou não, em Munique, ao Bayern – e estou convicto de que não ganha – já são outras contas. Este é o único momento dos próximos 23 dias em que a sorte de Jesus pode separar-se da do Benfica: o treinador sai bem na fotografia desde que ganhe o seu jogo, mesmo que não se apure; mas o Benfica só cumpre objetivos se chegar aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.
Depois volta o campeonato, com a visita ao FC Famalicão, que vive um momento igualmente conturbado. Aí, tanto o Benfica como Jesus têm de ganhar – e, ganhando, podem até aproveitar algo que eventualmente saia do FC Porto-SC Braga, que se joga duas horas e meia mais tarde, para reduzir distâncias para os da frente ou para as aumentar para o perseguidor. Segue-se a receção ao SC Covilhã, para a Taça da Liga, jogo no qual a presença na Final Four depende de uma vitória por três golos. Aqui entra em jogo o plano mental – como estará a equipa a sentir-se? Tendo em conta que os serranos não ganham no campeonato há 12 jogos e que, nesse período, apanharam quatro do Casa Pia e três do Trofense e da Académica, este parece também ser um objetivo exequível.
Por fim, antes do duplo confronto com o FC Porto, o Benfica ainda terá o Marítimo em casa. Esse é um jogo de ganhar, mesmo perante um Marítimo em retoma, mas o fundamental para os encarnados é chegarem a 2022 em condições de lutar pelo título, pelo menos não deixando agravar a distância de quatro pontos que os separa neste momento dos líderes. As maiores dificuldades do ciclo serão os últimos dois jogos, no Dragão, o da Taça de Portugal no dia 23 de Dezembro e o da Liga a 30. Sendo que – e já sei que me vão responder que o Benfica entra para ganhar em todas as competições – o minimamente aceitável para manter acesa a chama do projeto que é a época 2021/22 é reduzir distância na Liga se for eliminado da Taça ou seguir em frente na Taça se permitir o agravamento da distância na Liga.
Para o Benfica, mudar antes deste ciclo seria, além de uma irresponsabilidade, uma confissão de inépcia na liderança de um projeto que custa os olhos da cara mas depois se gere à base de sensações ou medindo a temperatura aos adeptos. Em Janeiro, quando comer as passas e fizer os desejos para 2022, Rui Costa vai então ponderar o que fazer. Se estiver em prova na Liga dos Campeões e na Taça da Liga e, depois, das duas uma, ou mais perto dos líderes na Liga ou em competição na Taça de Portugal – ou até bem em ambos os casos –, não terá razão para mudar. Se assim não for, pode começar a pensar em 2022/23. Nesse caso sem Jesus.
Tambem me parece nao ser a melhor altura para mudar. Nao estou a ver quem quereria pegar nesta equipa nesta altura, e resultados a parte, o Jesus e um bom treinador. Claro que em Portugal os adeptos dos grandes fervem em pouca agua. E a onde de resultados menos bons, que na verdade nao foram assim tao maus, ha que lembrar da qualidade dos outros clubes. Espero que o Jesus se mantenha ate ao final da epoca. O campeonato precisa de estabilidade e nao de chicotadas. O Benfica e um dos grandes que com um bon treinador da muitos pontos na europa, tal como o Porto e o Sporting. Espero que o natal levante os espiritos dos adeptos e deixem Jesus trabalhar. Parece me que ele, o Jesus, tambem tem de ser mais ponderado...ele gosta de ser a ultolima bolacha do pacote muitas vezes. Mas como profissional tem dado muito ao futebol. Eu digo isto como adeptonde futevol, porque o benfica nao e o clube do meu coracao. P. S estou a usar um teclado ingles que nao tem acentos... Dai a falta. Lol