Depois do star-system
O PSG do dinheiro qatari é campeão francês quase por decreto, tanta é a diferença de orçamento face aos restantes competidores. Mas este foi ano da mudança. Em vez de estrelas, uma equipa.
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O último Verão foi como que catártico nos escritórios do Paris Saint-Germain. Desde que ao clube da capital francesa chegou o dinheiro qatari, em 2011, que havia sempre uma constante: apontava-se às maiores estrelas do mercado e comprava-se-lhes a fidelidade. Ibrahimovic, Cavani, Di María, Neymar, Mbappé e Messi foram exemplos de uma política cujo objetivo era claro – ganhar a Liga dos Campeões que o clube nunca conseguiu e que, ainda por cima, está no historial do Olympique Marselha, o rival popular do sul miscigenado. Mas o “star system” pago pelos petrodólares, que chegava quase sempre para vencer a Ligue 1 com à-vontade – desde 2013, só a perdeu duas vezes – ia fracassando na Europa. E a dada altura as estrelas começaram a ser olhadas de lado. Em 2022/23, época na qual juntava uma tripla de atacantes de nível estratosférico – Messi, Neymar e Mbappé –, o PSG viu-se aflito até para ganhar em França. Acabou a Liga com apenas um ponto de avanço sobre o RC Lens e somou um total de dez derrotas em todas as competições, todas depois do Ano Novo. Havia que mudar. A Paris chegou Luis Enrique, ex-selecionador espanhol, e a ideia passou a ser ter uma equipa em vez de um lote de estrelas: Neymar e Messi saíram logo no início da temporada, Mbappé foi-se agora, esgotado o contrato que recusou prolongar. É certo que o PSG ainda se ficou pela meia-final da Liga dos Campeões, ganhando “apenas” os três troféus em disputa no hexágono, mas fê-lo de maneira diferente, mais coletiva, bem à imagem de Vitinha, o médio português que o treinador considerou, no final da época, o futebolista do ano.