Custa muito ser grande
O Sporting continua a sentir enormes dificuldades na tentativa de transformar o seu jogo em futebol “de equipa grande”. Se não marca primeiro, sofre muito de falta de contundência, atrás e à frente.
Foram mais três pontos pelo cano abaixo, na deslocação do Sporting ao Bessa, onde os leões foram batidos (2-1) por um Boavista inteligente, eficaz e ao mesmo tempo capaz de conter o ataque macio e de explorar os erros de pressão do adversário para lhe expor os espaços que inevitavelmente deixa atrás. Esta derrota pode até ser atribuída por Rúben Amorim às dores de crescimento que assumiu esta época, quando decidiu mudar o chip da equipa, tornando-a mais capaz de assumir a iniciativa dos jogos e não tão dependente de momentos de ataque rápido e contra-ataque, mas além de deixar os leões a uns já longínquos onze pontos do Benfica na Liga, não mascara o que é ainda uma evidência: este Sporting ainda se sente mais à vontade contra adversários que assumem o jogo do que face a equipas que, como o Boavista – ou há umas semanas o GD Chaves – se deixam ficar à espera de uma recuperação que lhes franqueie o acesso a um meio-campo mal defendido.
Foi assim que Petit preparou este jogo – como já tinha sido assim que tinha preparado o jogo com o Benfica, por exemplo. A diferença entre esta vitória e os 0-3 encaixados frente ao líder da tabela esteve sobretudo no adversário: mais objetivos e diretos ao espaço os encarnados, mais dados a voltinhas recreativas com a bola os verde-e-brancos, mais capazes de explorar a largura e a profundidade com um futebol largo as águias, mais recolhidos num jogo miúdo, na sua “small ball” virtuosa os leões. O segredo para o sucesso deste novo Sporting não está no “ponta-de-lança de raiz” que tantos adeptos continuam a reclamar nas redes sociais, da mesma forma que o seu defeito não é a frente de ataque móvel. O fulcro está, isso sim, na capacidade dos seus homens da frente entenderem que se o espaço está lá tem de ser atacado, que a bola tem de circular rápida, que cada drible ou combinação curta dá sempre mais tempo aos adversários para se reorganizarem, para bascularem do que uma variação de flanco. No fundo de entenderem a mensagem de Nuno Santos, o único que neste jogo do Bessa foi capaz de esticar o jogo – e o primeiro a sair por opção do treinador, quando Amorim quis vencer um Boavista que teve em Gorré o agitador, em Bruno Lourenço o definidor e em Makouta o homem que mandou na zona de meio-campo.
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