Crise de meia-idade
A cada final de época, após o título do Slovan, os Weiss e os Kmotrík testam a força uns dos outros. O treinador ameaça sair se as coisas não mudarem, mas acaba por ser convencido pelo patrão a ficar.
Palavras: 2705. Tempo de leitura: 13 minutos (áudio no meu Telegram)
Quando uma equipa garante o título de campeã nacional a cinco jornadas do fim da Liga, se dá ao luxo de perder três desses cinco jogos – um deles com o mais direto perseguidor – e mesmo assim ainda acaba com 15 pontos de avanço, a última coisa que certamente se espera ver é uma crise. Mas foi uma crise que o Slovan Bratislava teve de enfrentar no final da época, quando o poderoso treinador Vladimir Weiss, uma figura nacional na Eslováquia, enfrentou o poder do clube para exigir mudanças. “Não é possível continuar a ganhar com estes jogadores”, anunciou Weiss no início de Maio. “Precisamos de fazer mudanças. Ou então, se acharem mais fácil, saio eu”, disse ainda o técnico, consciente não só do seu peso em todo o futebol eslovaco como da sua relação de décadas com o dono do clube, Ivan Kmotrík. O que estava ali em causa não era só a necessidade de rejuvenescimento de uma equipa que se sagrou campeã nacional pela sexta vez seguida mas que apresenta um onze-base com seis trintões – e só não são sete porque Vladimir Weiss júnior, o filho do treinador e capitão, passou boa parte da época de fora com uma lesão crónica no tendão de aquiles. O que se discutia ali era toda uma política desportiva, na visão de Weiss demasiado virada para o sucesso imediato e sem grandes custos associados. E, além disso, era uma medição de esferas de influência, entre o mais poderoso dos Weiss e o herdeiro dos Kmotrík.