Convidar o galo para dançar
A vitória do Sporting sobre o Gil Vicente assentou na qualidade da saída de bola atrás, que fez sempre dançar a organização visitante. Num dia feliz a definir, o resultado podia ter sido mais amplo.
A vitória do Sporting sobre o Gil Vicente, por 3-1, em jogo da oitava jornada da Liga, baseou-se no convite permanente que os leões fizeram aos galos para dançar e deixou no ar sensações muito díspares. Graças a uma saída de bola sempre confortável por parte do trio mais recuado, a equipa de Rúben Amorim nunca teve dificuldades para tirar do caminho as linhas defensivas montadas por Ivo Vieira, encontrando forma de entrar com qualidade promissora em zonas de criação e definição – onde falhou muito, mais até no último passe do que na finalização. Incapazes de estancar a inundação a caminho da sua área, os visitantes aproveitaram essa deficiência leonina para definir e foram-se mantendo no jogo até perto do fim, mostrando eles também a arte para expor a fragilidade atrás de um adversário que defensivamente continua a léguas daquilo que mostrou noutras épocas.
Grande parte da superioridade leonina teve que ver com a tal capacidade do seu trio mais recuado em início de construção – e a entrada de Marsá, sempre excelente com bola, ajudou – mas também com uma opção estratégica do Gil Vicente que acabou por se revelar errada. Ivo Vieira apostou na edificação de uma linha muito rígida de cinco atrás, com três centrais e dois laterais, que tinham como incumbência evitar a criação de desequilíbrios por parte de Esgaio e Nuno Santos, mas viu a estratégia falir devido à impossibilidade do seu meio-campo evitar a acumulação de bolas descobertas nos pés de Ugarte e Morita, os dois melhores jogadores no relvado. É fácil agora dizer que essa linha estava demasiado subida, expondo-se na profundidade às corridas dos dois alas leoninos, quando estes eram lançados com passes a rasgar desde trás, mas a questão é que a linha subia porque tinha de acompanhar a subida de um meio-campo atraído pela movimentação de bola dos centrais do Sporting antes de a fazerem entrar nos médios. “Não estivemos em jogo na primeira parte, por responsabilidade minha, pois o plano de jogo que apresentei não passou”, lamentou-se no final Ivo Vieira. Mas a verdade é que mesmo no segundo tempo continuou a ser relativamente fácil ao Sporting fazer dançar a organização gilista e criar lances de perigo junto da baliza de Andrew.
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