Campeão agarra-se à vida
O FC Porto venceu o Benfica na Luz e reduziu para sete pontos a diferença para o líder, a sete jogos do fim. “Está difícil”, disse Sérgio Conceição. Mas o que o jogo mostrou foi um FC Porto superior.

A vitória do FC Porto sobre o Benfica, na Luz, por 2-1, em partida da 27ª jornada da Liga, equivaleu a uma espécie de prova de vida, superada com distinção e um puxar de galões do campeão nacional. Indiferentes ao ambiente festivo com que ali acorreram os adeptos do Benfica, a cantar em uníssono por um 38º título nacional que se adivinha, os dragões foram a melhor equipa sobre o relvado e basearam a sua superioridade na criação de uma primeira zona de pressão agressiva, que impediu sempre o líder do campeonato de ligar jogo e o forçou a bater bola longa sobre bola longa na frente. Sérgio Conceição matava assim à nascença a perspetiva de o Benfica vir a alinhar as combinações rápidas com que costuma massacrar os adversários mais permissivos e, graças à superioridade dos seus três médios, impunha ao jogo o sentido que queria ganhando a maior parte das segundas bolas. Com a vitória, construída de virada após um autogolo de Diogo Costa, graças a tentos de Uribe e Taremi, o FC Porto adiou o destino e aquele que ainda parece ser o desfecho mais provável para esta época – o Benfica tem agora sete pontos de avanço no topo da tabela, quando já só lhe faltam mais sete jogos.
“Neste jogo, nem houve história”, considerou no final o treinador portista, explicando a sua estratégia, elogiando a forma como os jogadores a cumpriram mas reconhecendo que o Benfica tem sido “mais regular ao longo do campeonato”. “No jogo com o Gil Vicente [que o FC Porto perdeu], os jogadores também sabiam o que tinham de fazer, e no entanto as coisas não saíram”, lamentou-se. “Foi em jogos mais acessíveis que perdemos pontos”, sintetizou o treinador campeão nacional, que encerrou hoje o mini-campeonato dos quatro primeiros, com quatro vitórias, um empate e uma derrota – contra o Benfica, no Dragão, em desafio no qual ficou com um homem a menos, por expulsão de Eustáquio, logo aos 27’. Num momento em que ainda lhe falta receber o SC Braga e visitar o Sporting, o Benfica, que lidera a Liga, só ganhou um dos quatro jogos deste mini-campeonato: precisamente a deslocação ao Dragão. Isso não tira o sono a Roger Schmidt, no entanto, que já fixou o pensamento no desafio de terça-feira, em casa, com o Inter Milão, a contar para os quartos-de-final da Liga dos Campeões. “Jogámos durante muito tempo a um nível elevadíssimo, mas hoje vimos como o futebol pode ser”, lamentou-se o alemão, reconhecendo que a sua equipa não esteve num dos seus dias. “Não estivemos no nosso melhor, tanto com como sem bola”, explicou, sem se deter em grandes explicações acerca das razões para a má exibição registada.