Assim se paga o futebol
Fechou o mercado e é altura de fazer contas. Os treinadores das nossas equipas anseiam sempre pelo fecho das janelas, mas mais uma vez se confirma que é nestes dois meses que se paga o ano todo.

Palavras: 5563. Tempo de leitura: 29 minutos (texto sem áudio no meu Telegram). Links para artigos: 25
Quantas vezes já viram um treinador de um dos nossos grandes dizer que, do mercado, tudo o que quer é que feche? Os meses de Janeiro e de Agosto, por decorrerem entre competição e a abertura a transferências, são do mais difícil de gerir que pode haver por qualquer líder de balneário, porque não é possível escolher um caminho firme sem o risco de o ver prejudicado por saídas repentinas ou de última hora e porque mesmo aqueles que no fim não saem podem perder foco, enquanto pensam em realidades mais ricas, competitivas e reputadas. Mesmo os adeptos se dividem entre os que festejam entrada de dinheiro, os que celebram reforços e os que, em vez disso, optam por criticar gastos ou até a falta deles. A verdade é que o futebol português não passaria sem estes dois meses, que no fundo são de onde lhe chega o dinheiro para pagar os outros dez de cada ano. O Record desta quinta-feira contou que, de acordo com uma notícia da Sky Sports, a Liga Portuguesa tinha sido a que mais lucrara na janela de Janeiro, mas isso nem sequer é novo: o Observatório do Futebol, do Centro Internacional de Estudos do Desporto, da Universidade de Neuchatel, revelou em Novembro (em estudo que pode consultar aqui) que a nossa Liga foi a que mais ganhou, entre vendas e compras, na última década, com 2.393 mil milhões de euros de saldo líquido. São, em média, 240 milhões ao ano, sensivelmente a verba que os 18 clubes da Liga lucraram, em média, em cada uma das últimas duas temporadas. Na Entrelinhas desta semana, além da habitual atenção ao futebol que vai jogar-se e ao que já se jogou, com destaque para o FC Porto-Sporting de ontem, vou abrir a janela a estas contas e fazer o balanço final do mercado.