As vitórias do Barça
Barcelona decide hoje um dos semi-finalistas da Champions, entre o Barça de Xavi e o PSG de Luís Enrique. Ganhe quem ganhar, duas vitórias já os catalães têm: no estilo e na recuperação da identidade.
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Hoje, pode ganhar o FC Barcelona de Xavi Hernández ou o Paris Saint-Germain de Luis Enrique que uma coisa não ficará definida, pelo menos na cabeça dos dois treinadores: qual deles é um melhor representante do ‘estilo-Barça’? O atual técnico, catalão de Terrassa, que passou no clube quase toda a vida – jogou lá dos 11 aos 35 anos – e voltou para liderar a retoma da identidade? Ou o treinador do PSG, que apesar de ser asturiano de Gijón, ali jogou as últimas oito temporadas da carreira e não só treinou depois a equipa como a liderou à conquista do histórico penta (Liga, Taça do Rei, Champions, Supertaça e Mundial) de 2015? Era disso que se falava antes do jogo da semana passada, uma surpreendente vitória (3-2) dos catalães no Parque dos Príncipes, a abrir-lhes a porta das meias-finais da Champions e da recuperação à base de uma ideia de equipa saída da formação. Porque, passe hoje quem passar, tanto num como no outro campo fica a certeza de que o sucesso não se compra. E isso qualquer dos dois técnicos saberá explicar bem melhor do que a forma como projetam no tempo a identidade de um estilo.
“Sou eu, sem dúvida”, disse na semana passada Luis Enrique, quando lhe perguntaram “quem representa melhor o estilo do FC Barcelona?” “Olhem para os dados de posse, para a pressão alta, para os títulos ganhos”, completou. “Já sabem como é o Luís Enrique. Conhecem-no bem. Mas ambos temos DNA Barcelona”, respondeu Xavi Hernández. Isto serviu para os espanhóis recordarem episódios como aquele em que Luís Enrique deu uma dura em Messi, para não perder o balneário face ao comportamento menos solidário do astro argentino, mas pediu a Xavi, na altura o capitão, que fosse fazer de conciliador, para não perder a sua maior estrela. O FC Barcelona de Luís Enrique introduziu alterações face ao estilo de Pep Guardiola e Tito Villanova, tendo continuado a ganhar muito, porque a equipa era ainda muito boa. Entretanto, o técnico tornou-se até menos fanático das transições e adotou um estilo muito mais circular, quando liderou a seleção espanhola, mas pela frente terá um FC Barcelona que também não é o mais fiel depositário do tradicional “tiki-taka”, até por ter conquistado a Liga espanhola de 2023 com base na segurança defensiva acima de todas as outras qualidades. E, no entanto, como me reconhece o jornalista e autor catalão Martí Perarnau, o regresso a La Masía, esta época personificado no destaque dado a gente como Cubarsí ou Lamine Yamal, é fundamental para a recuperação “do buraco negro que aqui deixaram”.