As mudanças de Março
As coisas por aqui vão mudar a partir de dia 18. Fiquem a saber o que tenciono fazer e utilizem a possibilidade de comentar para me dizer o que vos convenceria a utilizar mais este espaço.
Olá a todos!
As coisas por aqui vão mudar a partir de 18 de Março. Se continuarem a ler este texto prometo revelar aquilo que me vai na cabeça, mas que antes de passar à prática ainda dependerá do vosso feedback. Mas antes deixem-me explicar muito brevemente como cheguei aqui.
Sou jornalista desde 1988, quando estava a começar o segundo ano da faculdade e, levado pelo Hugo Ribeiro, meu colega de comunicação social na Nova, entrei pela primeira vez na redação da já extinta A Capital para convencer o João Vaz a deixar-me escrever sobre futebol internacional. Passei depois pelo Expresso, pelo Público, pelo Record, pelo Correio da Manhã e por O Jogo. Já ando nisto dos individual media desde que fui dispensado pela primeira vez de uma redação, a do Record, em 2014. Foi uma pancada muito difícil de superar, porque até então a minha carreira tinha sido sempre a subir, tanto nos jornais como nas minhas passagens pelo comentário de TV. Foi também a última vez que me dispensaram de uma redação, por uma simples razão: nunca mais fui admitido em nenhuma.
Percebi nessa altura que tinha de me fazer à vida a solo, longe dos grandes grupos de media. Fiz o meu site pessoal, o já extinto antoniotadeia.com, em 2015. Em 2017 lancei o Bancada.pt, que entretanto descobriu outros caminhos, bem diferentes que eu tinha imaginado. Em 2019, ao ver que aquilo que pensara para o Bancada fracassara, voltei ao meu site pessoal e, por fim, em Outubro de 2021, lancei esta newsletter, aqui mesmo, no Substack. Foi quando deixei de crer na escala como forma de viabilizar financeiramente o meu trabalho, porque me convenci de que a escala depende das redes sociais e as redes sociais dependem do alvoroço que se fabrica à volta dos conteúdos, seja através do click-bait, da polémica estéril ou do efeito bolha que leva os potenciais consumidores a aplaudir com entusiasmo ou a rejeitar com asco até ideias que não chegaram a conhecer. Só porque sim ou porque não e porque podem fazê-lo sempre que entendem.
Estes nove anos desde 2015 têm sido marcados por sucessivos avanços e recuos, por aquilo que um de vós tão bem descreveu há dias no meu Facebook como “tentativa-e-erro”. Já me lancei no YouTube, com o Futebol de Verdade. Já criei um canal de Telegram. Já tenho o meu servidor de Discord. O digital tem esta coisa de favorecer o que é efémero, na medida em que não nos força a manter receitas que estão a funcionar mal só por temor de que a mudança venha a parecer mal a quem está do outro lado. Não funciona? Muda! Procura uma forma de fazer funcionar! Faço essa reflexão pelo menos duas vezes por ano, uma delas entre as épocas desportivas, em Julho, e a outra em Março, no meu aniversário, altura na qual lanço a minha promoção anual para Subscrições Premium.
Entre aquilo que comprovadamente funciona neste paradigma, há coisas para as quais nunca vou estar disponível. Não estou disponível para a opinião engajada, para a polémica vazia ou para o click-bait. Já tenho 54 anos e ainda não desisti de fazer vingar o jornalismo escrito, de estimular nos outros a vontade de saber mais sobre determinadas matérias, de contar as boas histórias, mesmo que não sejam as que são trend nas redes sociais. No Substack, é isso que faço, razão pela qual aproveito cada edição do Futebol de Verdade para vos sugerir que se tornem subscritores, nem que seja no plano gratuito. Porque o plano gratuito garante-vos que recebem no vosso Mail pelo menos o início de todos os textos – no mínimo o primeiro, mas por vezes os primeiros dois parágrafos – e que podem ler até ao fim os que não são exclusivo para os Premium. Esse é o caso do Último Passe, a minha crónica matinal, que é entregue todos os dias, de segunda a sexta-feira, a todos os subscritores.
Depois, há conteúdos que são apenas para subscritores Premium, os que contribuem com cinco euros por mês – ou 50 euros por ano – para que eu possa manter a minha atividade de jornalista independentemente dos grandes grupos de media. Acontece que, com o Futebol de Verdade diário a exigir preparação, gravação, edição e upload, e com o Último Passe a ter três ou quatro temas em vez do tema único que cobria anteriormente, cada vez vou sentindo mais a falta de tempo para investir nos conteúdos exclusivos para Premium. Foi essa a ilação que retirei do ponto de situação que faço sempre no início de Março: entre 1 de Março de 2023 e 1 de Março de 2024, o total de subscritores gratuitos do meu Substack cresceu 30 por cento, mas o total de subscritores Premium cresceu apenas 0,4 por cento. Passei de uma taxa de conversão de 5,14 por cento para os atuais 4 por cento – quer isto dizer que quatro em cada cem subscritores gratuitos optam conscientemente por apoiar o meu trabalho com a entrada no serviço Premium.
Cada um de vós pode dar nota das vossas razões – e gostava mesmo que o fizessem, razão pela qual este texto é aberto a comentários de todos, gratuitos e Premium – mas admito que parte delas tenha que ver com a falta de tempo para ler, parte com a falta de disponibilidade no orçamento para encaixar mais uma despesa, e parte tenha ainda que ver com a noção de que as diferenças entre os dois serviços não são assim tão grandes. Cabe-me portanto a mim criar mais conteúdos – e melhores conteúdos – para os Premium, de forma a que eles possam sentir-se recompensados pela opção, de modo a que entendam que sem eles este esforço de ser jornalista independente dos grandes grupos não pode continuar.
Assim sendo, estou perante uma semana de reflexão, na qual entro com as seguintes ideias:
- O Último Passe continuará a ser gratuito, mas deixará de cobrir três ou quatro temas por dia para voltar a debruçar-se sobre apenas um. Alguns dos temas que lá incluí esta semana poderiam ter sido assunto para reportagens mais desenvolvidas e destinadas a subscritores Premium. É o caso da questão em torno dos dias necessários para uma boa recuperação de um futebolista de alto rendimento, dos prejuízos do Chelsea ou da história do regresso a Espanha de Álvaro Djaló.
- O Futebol de Verdade continuará a ser gratuito, mas deixará de ser diário. Tenciono fazer só duas edições semanais, ambas em direto e com interação, uma à segunda-feira, para todos, e outra à sexta, só para subscritores Premium – podendo os outros ver a partir de sábado, mas não participar, como é evidente. A hora está em aberto. Eu prefiro o final da tarde, mas estou aberto à vontade da maioria, desde que ela não colida com outras obrigações que tenho.
- As 15 horas semanais de trabalho semanal que liberto com estas duas medidas serão utilizadas para produzir mais conteúdos para os subscritores Premium do meu Substack.
- Continuarei a fazer as edições do Futebol de Verdade Flash depois dos jogos que contam. Na primeira metade da época, o Flash é feito para todos os jogos na Liga das equipas que defino como candidatas ao título – esta época foram Benfica, FC Porto, SC Braga e Sporting – e para os jogos das equipas portuguesas nas provas europeias, a partir da fase de grupos. Na segunda volta da Liga, haverá Flash de todas as equipas que, para se sagrarem campeãs, tenham de recuperar menos pontos do que o total de jornadas que falta disputar. Funciono em função do mérito desportivo e não do total de visualizações que cada clube motiva. Além disso, na segunda metade da época, há Flash da Taça da Liga (meias-finais e final), Taça de Portugal (quartos-de-final, meias-finais e final) e competições europeias.
- O Flash deixa de ser incluído nas edições regulares do Futebol de Verdade, mas continua a estar disponível, como conteúdo independente, no meu canal de YouTube. Só que, em vez de ficar disponível para todos 24 horas depois dos jogos, passará a ser disponibilizado apenas 48 horas depois dos jogos.
Como vos disse atrás, a próxima semana será de reflexão. Digam-me nos comentários o que acham destas medidas e que contra-medidas proporiam. Estou aberto à conversa, porque o que aqui acontece é feito por mim mas é para vocês.
Obrigado a todos!
António Tadeia
Olá, António
O seu ponto forte para mim são os conteúdos escritos; só pela prosa dá gosto ler.
A minha sugestão seria desenvolver mais os temas do Último Passe para conteúdo premium.
Possivelmente o formato vídeo terá mais adeptos, é apenas a minha opinião.
Olá António,
Sou um seguidor do seu trabalho desde o Bancada, que me acompanhou num Verão há uns anos. Lembro-me de ler o jornal na praia e depois acompanhar com o Bancada como complemento. Bons tempos!
Gosto de ler os seus textos pela manhã e desde que os faz, esse é na verdade o conteúdo que mais me agrada. Ler uma opinião de alguém que se consegue distanciar de clubismos e que se percebe que fala dos temas com conhecimento de causa. Uma opinião que se pauta pela racionalidade e ponderação. Para mim tenho-o como uma referência do comentário sobre a atualidade, quando a praça está infestada de comentário avençado.
Segui durante bastante tempo o modelo do YouTube que tinha hora marcada para as 12h30, normalmente para assistir ao Live. Esse programa, embora por vezes lhe causasse alguma irritação os comentários dos trolles que por lá pululavam, tinha ali um certo brilho, precisamente pela interação em direto que ocorria entre si e a sua audiência. O plano podia ser um, mas, com as questões que se colocavam, acabava por vezes por seguir outro caminho. Até a própria irritação na voz, ou o sorriso, perante alguns comentários, quebravam a monotonia de ter alguém durante 30 minutos ou mais a falar sem resposta. Esses programas por vezes chegavam aos 50 minutos, mas fosse em direto ou em diferido, voltava lá.
Com o novo modelo e inclusão das flash, fui desligando. Percebi que já não tinha o mesmo gosto pelo programa e deixei mesmo de ouvir em formato podcast. Ao dia de hoje, recebo o texto da manhã, que é o que mais gosto, e fico-me por aí.
Se tivesse que eleger um conteúdo que gosto mais dos pagos, por vezes vejo que publica uns textos mais extensos com temas que me parecem interessantes e que não me importaria de ler se tivesse acesso.
Para ter uma ideia, sou subscritor do Patreon do Lateral Esquerdo há mais de 4 anos e aprecio muito os seus conteúdos. Também sou subscritor do Patreon do Sporting Tático. Conteúdos que são maioritariamente de análise tática e que aprecio bastante. A nível de podcast, costumava ouvir o "Visão de Jogo" na TSF, que entretanto terminou e sigo desde o início o do Tomás da Cunha e do Rui Malheiro, "No Princípio era a Bola".
Espero que isto o ajude de alguma forma e desejo-lhe tudo de bom.
Um abraço,
Gonçalo