Ainda (Still) invictos em França
O Stade Reims está a dois jogos de completar meio campeonato sem perder na Ligue 1. A sorte da equipa mudou quando trocou Óscar García por Will Still, senhor de um notável CV no... Football Manager.
Amanhã vem o jogo no Mónaco (16h05, na Eleven Sports 4). Depois, para a semana, será a vez da receção ao Olympique Marselha. São as duas partidas que separam o Stade Reims de meio campeonato de invencibilidade, precisamente desde a derrota em casa (0-3) contra os monegascos, a 18 de Setembro, na oitava jornada da Ligue 1. Esse foi o penúltimo desafio aos comandos do técnico catalão Óscar García, demitido em inícios de Outubro no meio do drama pessoal e familiar que foi o falecimento da sua filha mais velha. Para o lugar de García avançou Will Still, um anglo-belga de 30 anos que se tornou o mais jovem treinador das Big Five, as cinco Ligas mais impactantes da Europa. Still pegou na equipa quando ela estava em 17º lugar, abaixo da linha de água, e com a incumbência de receber o Paris Saint-Germain, dias depois. Empatou esse jogo (0-0) e desde então não voltou a perder na Liga – e até já foi empatar com o PSG também no Parque dos Príncipes, que em França a segunda volta não segue a ordem de jogos da primeira. O Stade Reims é já oitavo colocado, foi a segunda melhor equipa da Liga se contarmos apenas o período em que ele esteve à sua frente, a ponto de até já se falar na possibilidade de chegar a um lugar europeu, que a quinta posição está a seis pontos. Muito do que vai suceder até final da época dependerá, por isso, dos próximos dois jogos, a visita ao AS Mónaco, que é terceiro, e a receção ao OM, que é segundo. Mas a tenra idade do treinador não implica inexperiência e esta não será a primeira vez que Still enfrenta desafios desta magnitude.
A primeira vez que ele os teve era ainda criança. Tinha dez anos quando, arrastado pelo irmão mais velho, Edward, Will começou a fazer noitadas incessantes a jogar Football Manager, bem para lá da hora de dormir. Hoje ambos são treinadores de topo. Ed tem 32 anos, já liderou o SC Charleroi e comanda atualmente o AS Eupen, envolvido na luta pela fuga à despromoção na Liga Belga. Will tem 30 e, após a experiência de liderar o West Ham, de que é adepto, em maratonas épicas no jogo de computador, está a tomar de assalto o futebol francês com o Stade Reims. Mas Will já tivera a oportunidade de assumir o posto de treinador principal no KS Lierse e no KAC Beerschot, sempre na Bélgica. A Bélgica, de resto, é parte do segredo deste treinador que faz de Alex Ferguson a sua maior referência, porque ele nasceu no seio de uma família de ingleses na zona francófona – o pai tinha sido colocado pela Shell em Braine-l’Alleud pouco mais de um ano antes – mas foi jogando em clubes flamengos até perceber que como futebolista não passaria de uma arreliadora mediocridade e decidir, aos 18 anos, que o que queria mesmo era ser treinador. Como nas noitadas a jogar Football Manager. A campanha que está a fazer à frente do Stade Reims parece quase saída do simulador que ele diz que ainda hoje utiliza, mas só para comparar jogadores que não conhece. “No ano passado, quando vim para aqui [Reims] como adjunto pela primeira vez, antes da pré-época, ainda comecei a brincar. Mas depois não tenho tempo”, reconheceu recentemente. E porque havia de simular se a vida dele já passa por preparar confrontos com Messi e companhia a cada nova semana de trabalho?
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