A vitória do controlo
O FC Porto ganhou a sua primeira Taça da Liga e o quarto troféu seguido em Portugal, batendo o Sporting numa final em que não foi melhor senão no controlo do espaço e, sobretudo, das emoções.
O FC Porto ganhou pela primeira vez a Taça da Liga, batendo por 2-0 o Sporting na final ontem jogada em Leiria. A vitória dos dragões, que abriram o marcador no único remate que fizeram na primeira parte e bisaram nos instantes finais, já com o adversário reduzido a dez homens, ficou a dever-se a um melhor controlo, sobretudo das emoções mas a partir de determinada altura também do espaço, muito graças às correções posicionais feitas por Sérgio Conceição ao intervalo. Se na primeira parte o que se vira tinha sido um Sporting dominador e sempre mais perigoso, para quem a desvantagem era injusta, a partir do momento em que o FC Porto mudou a forma de encaixar no 3x4x3 leonino o desafio equilibrou-se e as situações de perigo escassearam. Os 45 minutos finais, com muitas quezílias, acabaram por ter pouco futebol. E, mais experientes na forma de manejar estes jogos discutidos no fio da navalha emocional, os jogadores do FC Porto acabaram por se superiorizar, garantindo assim o quarto troféu sucessivo no futebol nacional: à Taça de Portugal e à Liga de 2021/22 somaram a Supertaça e a Taça da Liga de 2022/23.
Há, por isso mesmo, pouca legitimidade para questionar a superioridade consolidada que os portistas têm obtido no futebol português, como têm feito os responsáveis leoninos. No jogo de ontem, contudo, o FC Porto não foi superior. Nos primeiros 45 minutos, fruto da forma como o Sporting conseguia sempre atrair por um lado antes de sair com a bola pelo outro, foi mesmo inferior. Depois, quando Sérgio Conceição abdicou da estratégia que lhe valera a supremacia na partida da Liga e recolheu a equipa atrás, o FC Porto conseguiu equilibrar, mas a sua equipa só foi melhor na forma controlada como conseguiu ir reagindo às incidências da partida, na forma como nunca deixou as emoções atrapalhá-la. Quando o FC Porto leva o jogo mais para o domínio do corpo-a-corpo sabe perfeitamente que há uma boa possibilidade de isso acabar por valer-lhe superioridade numérica, como valeu em quatro dos últimos cinco clássicos. E se do intervalo até aos 71’, o momento em que Paulinho viu o segundo cartão amarelo, o desafio estava equilibrado, daí até final dificilmente o Sporting voltou a encontrar-se ou a descobrir formas de chegar com perigo perto da baliza de Cláudio Ramos. E, depois de ter aberto o marcador num remate de Eustáquio que parecia inofensivo mas que Adán deixou escapar por entre as mãos, para as redes, o FC Porto chegou aos 2-0 aos 86’, num cabeceamento de Marcano sem oposição, após mais uma jogada de Pepê, que já estivera na origem do primeiro golo.