A tragédia grega
Acha que o futebol português é polémico? Espere até ver como estão as coisas na Grécia, onde se normalizaram os árbitros estrangeiros até ao momento em que as suas federações e a UEFA os negaram.
Quando ia começar a fase final do campeonato grego, um mini-campeonato entre as seis melhores equipas da época regular, todos os clubes se sentaram à mesa com o presidente da EPO, a federação grega, e o inglês Steve Benett, o chefe dos árbitros no país. Como é evidente, da reunião não saiu nenhum consenso. Nunca sai, no futebol grego. Só há duas coisas em que os gregos concordam: uma é em discordar e a outra é que os árbitros locais roubam sempre contra eles. A reunião resumiu-se a um conjunto de momentos folclóricos, como aquele em que Kostas Karapapas, o vice-presidente que ali representava o tricampeão, o Olympiakos, atirou uma mini-saia preta a Takis Baltakos, o presidente da EPO, antes de sair da sala. “Ele que a use, a ver se lhe fica bem”, disse, à saída, com um significado implícito entre o misógino e o insinuante, o número dois do polémico Evangelios Marinakis, o dono do Olympiakos. No final do campeonato, ganho pelo AEK Atenas, Marinakis acrescentou que esta foi “a Liga mais suja da história”, chamando-lhe mesmo “tragédia grega”. O que é bizarro, já que ele é igualmente o presidente da Liga, mas isso deve ser contextualizado com a cadeia de acontecimentos que já levou o líder da UEFA, Aleksandr Çeferin, a desaconselhar a chamada de árbitros estrangeiros para os jogos mais escaldantes da Grécia. No campo, a temporada foi de afirmação do AEK, que a pontuou com uma dobradinha que não tem sido muito habitual, ainda por cima no regresso ao bairro de Nova Filadélfia, onde o clube outrora falido inaugurou este ano um novo estádio, em clara manifestação de pujança.
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