A tarde de Paintsil
O Hamrun Spartans e o Floriana defrontavam-se na penúltima jornada pelo título de Malta e o que ninguém esperava era que um suplente, Paintsil, fizesse um póquer e decidisse o campeonato.
Palavras: 3787. Tempo de leitura: 19 minutos (áudio no meu Telegram)
Seth Paintsil tinha chegado a Malta no início da época, como um dos reforços para o ataque do Hamrun Spartans, o campeão nacional, que sonhava com a entrada numa das competições da UEFA e nessa altura se empenhava nas eliminatórias preliminares. Como quase todos os jogadores que vão para aquele campeonato, das duas uma, ou nunca tinha chegado ao topo ou já lá estivera mas experimentava agora uma espécie de ocaso que o afastava dos campos onde se joga pela fama. Paintsil tinha o pacote completo e ainda juntava mais um ingrediente: pedigree familiar, pois é irmão de Joseph Paintsil, atacante internacional ganês já com carreira na Bélgica. Luciano Zauri, o treinador italiano com longo histórico de defesa-direito na Lazio e até cinco partidas na seleção nacional, também ele acabado de chegar, deu-lhe oportunidades nesse arranque de temporada, mas entretanto já o relegara na hierarquia para trás daquele que veio a ser o seu trio de ataque de eleição, formado por Djuranovic, Montebello e Jonny Robert. Desde Janeiro, Paintsil só tinha sido quatro vezes titular, ajudando a antecipar aquele que acabou por ser o seu destino no final da época – a lista de dispensas. Só que naquele dia 27 de Abril, em que, na penúltima jornada, Hamrun Spartans e Floriana decidiam o campeão de 2024, com o montenegrino a voltar de lesão, Zauri deu a vaga a Paintsil. E o ganês viveu o seu conto de fadas pessoal: marcou quatro golos, três deles na primeira parte, tornando-se figura maior dos 5-0 com que o Hamrun Spartans celebrou a revalidação do título.