A ilusão do canal aberto
O Moreirense vendeu três anos de jogos em casa à TVI e o Governo disse que as provas da UEFA devem ser transmitidas para todos, mas a verdade é que tudo isso não passa de uma ilusão. Nada deve mudar.
Palavras: 6375. Tempo de leitura: 31 minutos. Links para artigos: 31.
O regozijo foi geral. Primeiro, soube-se que o Moreirense, cujo contrato com a Sport TV vai terminar já no final desta época, assinou por três anos com a TVI para que os seus jogos sejam transmitidos em canal aberto até 2028, o ano em que entrará em vigor a centralização. Depois que, em despacho publicado no Diário da República e, entre eventos de outras modalidades, o Governo incluiu os jogos das equipas portuguesas nas provas da UEFA (um por cada jornada de cada competição) e no Mundial de clubes na lista de acontecimentos que considera “de interesse generalizado do público”, a recomendar que os respetivos direitos televisivos devam ser facultados por quem os comprou de forma a serem transmitidos em sinal aberto – e neste momento são um exclusivo da DAZN e da Sport TV. As redes sociais explodiram de alegria e o país desportivo entrou imediatamente em festa com a promessa do futebol televisivo para todos, mas é bom que se editem os tweets e se acalmem as hostes, porque na verdade é altamente improvável que mude alguma coisa. A falta de futebol em canal aberto em Portugal nunca resultou de um capricho exclusivo dos operadores por assinatura, mas sim da falta de condições do mercado para que os canais de acesso livre paguem aquilo que ele custa. E isso o Governo não paga – pelo contrário, até já deu sinais de defender o caminho inverso. É isso que vou explicar na Entrelinhas de hoje, em que também passarei pelo futebol que já se jogou, como a estreia de João Pereira à frente do Sporting, na goleada de ontem ao Amarante FC, e pelo que se vai jogar, desde o resto da Taça de Portugal ao arranque de Ruben Amorim no Manchester United.