A degola dos inocentes
Quando um líder que ganhou todos os jogos recebe, eufórico, o lanterna vermelha, que os perdeu a todos, não se espera uma partida equilibrada. Mas o Benfica-Marítimo só teve mesmo um sentido.
O Benfica passou por cima do Marítimo, em jogo da sétima jornada da Liga, ganhando por 5-0 e chegando à pausa para as seleções com um registo 100 por cento vitorioso, não só nos jogos do campeonato como nos seis que entretanto disputou para a Liga dos Campeões, entre pré-eliminatórias e fase de grupos. A partida adivinhava-se desequilibrada, porque frente a frente estavam uma equipa que tinha ganho todos os jogos e outra que os tinha perdido a todos, mas o que se viu em campo hiperbolizou esta ideia. Apesar de um índice de golos esperados (xG) de “apenas” 2,9, a sensação que ficou foi a de que os 5-0 finais foram escassos para a produção ofensiva dos encarnados, ante um Marítimo que foi nulo com a bola e cedo perdeu as referências na parte defensiva do jogo.
Com 46 ações na área adversária, o Benfica ficou a três do seu máximo nesta Liga, que foram as 49 no jogo contra o FC Vizela – com a particularidade de nesse jogo só ter feito o golo da vitória (2-1) nos descontos, facto que o levou a carregar permanentemente em cima da baliza adversária, enquanto que agora teve o jogo sempre controlado e ganho desde cedo, com o 3-0 aos 64’. Já o Marítimo, que recentemente mudou de treinador, substituindo Vasco Seabra por João Henriques, não apresenta melhoras, tendo estabelecido novos recordes negativos, tanto de ações permitidas na área ao adversário como de remates consentidos: as 46 ações e as 23 finalizações superaram os anteriores máximos, nas derrotas contra o FC Porto, logo na primeira jornada, e o Gil Vicente, há uma semana. A história deste jogo foi, por isso, um extenso avolumar de situações junto à baliza de Miguel Silva, que além dos cinco golos que sofreu ainda fez sete defesas. E a partir do primeiro golo, obtido aos 28’, viu-se logo que não havia no Marítimo capacidade de reação face à superioridade dos líderes. Ora nestes casos de pouco serve fazer grandes desmontagens táticas. Façamo-las, no entanto, porque elas até podem ter estado na origem de tamanho desequilíbrio.
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