A continuação da guerra
A vitória do Zrinjski no campeonato da Bósnia e Herzegovina permitiu a continuação por outros meios da guerra que assolou a zona. Ganharam os croatas, um clube que passou 50 anos na clandestinidade.
Na antiga Jugoslávia, as aparências iludem e as realidades são sempre mais intrincadas do que o primeiro olhar deixa entender. O erro original é dizermos que o HSK Zrinjski foi campeão da Bósnia, porque, primeiro, o clube até é croata e, depois, porque joga em Mostar, a capital da Herzegovina. As consequências dessa realidade complicada ficaram à vista, por exemplo, nas celebrações do título, quando o presidente da câmara, Salem Maric, impediu a iluminação da histórica e icónica Ponte Velha sobre o Neretva com as cores vermelhas e brancas do Zrinjski, por uma questão de respeito pelos adeptos do rival Velez e, sobretudo, porque à iniciativa já se tinha associado o Partido Republicano Croata, ameaçando radicalizá-la. Mostar, uma cidade dividida pelo rio, fundou naquela ponte a sua identidade milenar, mas não faz ainda a passagem pacífica da margem oriental, para onde foi enviado o Velez, para a ocidental, onde joga o Zrinjski. Ali, mais do que em qualquer outro local, se aplica na perfeição a frase de George Orwell, para quem o futebol era “a guerra sem os tiros”.
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