A cartucheira de Anselmi
O FC Porto perdeu um jogo que parecia a expedição de caça de um amador que encheu a espingarda de cartuchos vazios. O SC Braga também não disparou muito, mas montou uma armadilha eficaz.

Palavras: 2021. Quadros táticos: 6. Tempo de leitura: 12 minutos (Texto sem áudio no Telegram).
Um português e um argentino vão à caça, mas a nenhum dos dois lhe apetece muito andar a perturbar o ecossistema aos tiros. Vai daí, o português brande a caçadeira, mas escolhe não disparar por tudo e por nada, montando antes uma armadilha numa situação específica em que a presa possa eventualmente vir a cair. Ou não. Isso depois logo se vê... O argentino não se coíbe de perseguir a vida selvagem que por ali anda, até dispara aqui e acolá, mas sempre que o faz repara chocado que tem a cartucheira vazia. Assim se explica o 1-0 com que o SC Braga do português Carlos Carvalhal bateu o FC Porto do argentino Martín Anselmi. Um jogo que os bracarenses começaram bem, enérgicos e inteligentes na pressão, até marcarem o seu golo, logo aos 17’, num livre de Ricardo Horta em que ficou a ideia de não ter sido feito tudo o possível pela cortina defensiva azul e branca, guarda-redes incluído. Daí para a frente, os Dragões mudaram processos e, passando a sair atrás com quatro em vez de três homens, garantiram o maior quinhão da iniciativa, mas voltaram a fracassar naquele que é o objetivo do jogo: criar situações de golo. Sem ligação interior, sem um pingo de qualidade criativa no último terço, o FC Porto ainda conseguiu melhorar o total de remates que enquadrou na baliza face às últimas quatro jornadas, acertando três, mas não deixa de ser penoso verificar que a última tentativa, um cabeceamento torto de Samu, aconteceu a 22 minutos do final. Daí para a frente, só cartuchos vazios.