A apologia da revolução
O Ferencvaros operou uma revolução na equipa que ganhou os cinco últimos campeonatos húngaros e despediu dois treinadores para lançar as bases para o sucesso europeu que lhe vinha sempre fugindo.
Palavras: 3136. Tempo de leitura: 16 minutos (áudio no meu Telegram)
A meio do campeonato húngaro, quando a prova parou para o Natal e o Ano Novo, pareceria que se confirmavam as teorias que falavam do fim da supremacia do Ferencvaros. O clube de Budapeste, já pentacampeão, não só vinha perdendo vantagem de ano para ano – em 2023 só acabara seis pontos à frente do segundo –, como tinha mudado quase todo o seu onze-base em busca do sucesso internacional e até já despedira dois treinadores. O primeiro foi o russo Stanislav Cherchesov, logo em Julho, antes de começar o campeonato, à conta da escandalosa eliminação da Liga dos Campeões, contra o KI Klaksvík, das Ilhas Faroé. Depois foi a vez do húngaro Csaba Maté, que pegou na equipa como interino mas acabou por ter de abrir espaço ao sérvio Dejan Stankovic, porque o poderoso Gábor Kubatov, dono e presidente do clube, achava impossível que um treinador húngaro tivesse o nível necessário para levar a equipa a feitos além-fronteiras. Até por isso, o facto de a meio da época o líder do campeonato ser o Paksi, que só contrata jogadores húngaros e era liderado pelo carismático György Bognar, tornou-se ainda mais emblemático. No final, veio a perceber-se que o equilíbrio se devia sobretudo ao investimento que o Ferencvaros estava a fazer na Liga Conferência, cuja fase de grupos passou dignamente, sem derrotas. A segunda metade da temporada, na qual foi eliminado da Europa logo à primeira, permitiu ao clube detido pelo vice-presidente do Fidesz, o partido de Viktor Órban, confirmar o hexacampeonato com alguma tranquilidade e adiou o debate por mais um ano.